Mercado financeiro

Vale a pena conhecer um curioso poeminha do genial Millôr Fernandes (1923-2012), adaptação da cantiga infantil Se Essa Rua Fosse Minha, a que chamou de Wall Street, que não envelheceu com a passagem do tempo e serve não apenas para o mercado americano.

Foi escrito em 1953, há sete décadas, portanto, muitos anos antes de O Lobo de Wall Street, livro e filme, e pode ser encontrado em Essa Cara Não Me é Estranha e Outros Poemas (editora Boa Companhia, 2014). Ei-lo:

Nesta rua, nesta rua, / Tem um Banco / Que se chama, que se chama / Cotação. / Dentro dele, dentro dele / Tem um Lobo / Que se chama, que se chama / Tubarão.

Como sardinha que sou (são chamados sardinhas os pequenos investidores ou acionistas minoritários de uma companhia), comida de tubarão, apreciei bastante o poema, apesar da condição e dos recentes prejuízos.

Ah, no mercado financeiro raramente se diz prejuízo para perdas monetárias, mas sempre que possível rendimento negativo, pois os nossos tubarões também se alimentam de eufemismos, não apenas com a grana dos outros.