Duas horas de motel
Minha mulher já tinha se recolhido aos seus aposentos quando peguei o carro e sai. Passava das dez.
A pessoa, a qual eu estava me dirigindo para pegar e levar ao motel, era uma amiga de tenra infância.
Não obstante motéis não ser meu fraco, naquele dia não tive alternativa.
Nascido de cidade interiorana, com ares provincianos, não conseguia detectar atrativos em tais tipos de “pensões”. A começar pelas suas fachadas e letreiros grotescos; depois, pelas suas disposições de ares sombrios interiores e ressentindo de espaços amplos e de áreas verdes.
No entanto, naquele dia peguei a amiga, que residia num bairro próximo ao meu e dentro de vinte minutos estávamos chegando ao motel.
Paro o carro na entrada e um recepcionista, atrás de um vidro fumê, entrega-me uma chave, que pego por entre o vidro entreaberto da janela do carro. Entro e estaciono numa garagem de um dos quartos.
Ufa! Estávamos dentro do referido motel. Nossa máxima preocupação, a de ser flagrado, felizmente tinha passado.
Subimos uns degraus e entramos num setor de luzes meio opacas. Passamos, ali, ansiosos minutos. Já passava da meia-noite. Foi quando as luzes bruscamente se acenderam e todos os presentes, em uníssonos, passaram a cantar: Parabéns para você!
Uma verdadeira surpresa para meu irmão, que acabara de largar do seu turno de trabalho, ver a turma que compunha o serviço do respectivo motel, àquela hora, parabenizando-o pelo aniversário. Todavia a maior surpresa, do mano, foi contar com a presença da própria esposa, comendo guloseimas naquele restrito ambiente de trabalho.
Na saída, devolvo a chave ao recepcionista e sigo viagem, levando um querido casal no banco de trás...