Verdades, mentiras, suposições
Não é verdade que após a recente visita do energúmeno presidencial a Lisboa os portugueses irão devolver nosso ouro para que ele nunca mais apareça por lá dizendo que a Ucrânia é que queria invadir a coitadinha da Rússia. Da mesma forma, não é verdade que, lá mesmo, Psicose (Psycho, 1960), o célebre filme de Hitchcock estrelado por Janet Leigh e Anthony Perkins, tenha recebido o título de O Filho Que Era a Mãe, que entregaria, de bandeja, toda a história da fita. Lá se chamou simplesmente Psico.
Mas é verdade que dois anos antes de Psicose, outro filme, não de suspense, mas de terror mesmo, estrelado por duas lendas do gênero, Christopher Lee e Peter Cushing, recebeu o título de O Vampiro da Noite (Dracula, 1958) e foi aqui mesmo no Brasil. Algum já viu algum vampiro do dia circulando por aí? Ou um vampiro da tarde? A luz solar é uma das fraquezas básicas de todos os vampiros, assim como a kriptonita atua negativamente sobre o Super-Homem.
Por outro lado, é mentira que não existam vampiros brasileiros. Tinha um famoso na televisão, Bento Carneiro, personagem do Chico Anysio que desapareceu com o autor, mas não morreu e pode retornar se algum superior das trevas globais assim decidir. Pode não ter Bento Carneiro todo dia, mas na capital federal há vários vampiros agindo noite e dia. Não somente lá, nos estados e municípios brasileiros também. Alguns deles escondem as bolsas desviadas dos bancos de sangue não sob suas escuras asas, mas no rego fundo mesmo. Sangue sujo, portanto.
Nem mesmo se importássemos o Super-Homem ou outros super-heróis conseguiríamos acabar com a entrevada morcegagem que se verifica nos três poderes. Daí é que Portugal não vai mesmo devolver nosso ouro porque já sabe o que iria acontecer com ele. Mais ou menos o que tentaram fazer com certas joias presenteadas pelos árabes a outro morcegão e sua mulher.
Como disse alguém, o Brasil é assim uma espécie de Gotham City, infelizmente sem o Batman para defender as pessoas de bem dos nossos vampiros sugadores de sangue público. Estamos enredados dentro dos quadrinhos, das teias, das redes. Ou presos em caixinhas: somos todos manés perdedores, conforme falou uma autoridade da chamada suprema corte.
Dá pra fazer anedota com os supremos "super-heróis” da justiça? Dar dá, mas também pode dar cadeia braba. Desviar pode; roubar, traficar, contrabandear, mentir descaradamente também pode, mas rir deles ou fazer rir castigando os maus costumes vampirescos, nesses casos o sujeito pode se dar mal. Humoristas e jornalistas podem ganhar processos movidos pelas ditas autoridades constituídas. Constituídas sobretudo contra eles e o povo em geral.
Para encerrar: é verdade, e isso é para quem não sabe ou prefere ignorar, que em Israel ocorreu o contrário daqui quando alguém tentou mexer com o supremo (de frango) deles – o povo saiu às ruas para defendê-lo, não para destrinchá-lo e comê-lo. Curioso, não?