Sina de um pobre vampiro

Lua de sangue

flutua no céu

eu ando exangue,

caminho ao léu

busco um alvo pescoço

pra dar um créu.

Estrela cadente, faço um pedido

ouça a súplica deste fodido,

que há tempos

nenhuma hemácia tem consumido.

Morcegos me mordam,

triste sina a minha:

pelas ruas nenhuma virgem

nenhuma menina.

Nem mesmo um rapaz.

Preciso urgente de sangue

de tudo sou capaz

e por alguns instantes

até suco de beterraba

me engana e satisfaz.

Se não tem aorta,

oh, que tristeza,

então vou mesmo de horta,

ah, que pobreza!

(Pobreza não somente do vampiro, também deste texto).