O SABONETE E O DEFUNTO

Estava eu bem sentado

Em minha nova casinha

Logo fiquei assustado

Com o choro da vizinha

O meu esposo morreu

Agora estou sozinha

Minha mulher como sempre

Gosta muito de ajudar

Foi oferecer seus préstimos

E também lhe consolar

Perguntou o que faltava

E ela pôs-se a falar

Preciso de um sabonete

Pra fazer assepsia

A nossa feira acabou

Usei o último da pia

Será que pode trazer

Um pra nossa serventia?

De levar o sabonete

Minha mulher se incumbiu

Quando foi para dispensa

Aí a casa caiu

Só tinha um sabonete

Pegou no meio e partiu

Quando eu fui tomar banho

Foi aquela gritaria

Quando vi os dois pedaços

De sabonete na pia

Será que a alma do morto

Me visitou esse dia?

Quando ouviu o meu grito

Minha mulher assustada

Correu para o banheiro

Um tanto preocupada

Perguntou que aconteceu

Eu sem poder falar nada

Quando o susto passou

Foi resolvida a questão

Ela falou com cuidado

Me dando uma explicação

Quando cheguei lá na casa

Não precisava mais não

Baseado no conto do poeta Luis Gonçalves

Alcinete Gonçalves
Enviado por Alcinete Gonçalves em 14/04/2023
Reeditado em 14/04/2023
Código do texto: T7763096
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