O SABONETE E O DEFUNTO
Estava eu bem sentado
Em minha nova casinha
Logo fiquei assustado
Com o choro da vizinha
O meu esposo morreu
Agora estou sozinha
Minha mulher como sempre
Gosta muito de ajudar
Foi oferecer seus préstimos
E também lhe consolar
Perguntou o que faltava
E ela pôs-se a falar
Preciso de um sabonete
Pra fazer assepsia
A nossa feira acabou
Usei o último da pia
Será que pode trazer
Um pra nossa serventia?
De levar o sabonete
Minha mulher se incumbiu
Quando foi para dispensa
Aí a casa caiu
Só tinha um sabonete
Pegou no meio e partiu
Quando eu fui tomar banho
Foi aquela gritaria
Quando vi os dois pedaços
De sabonete na pia
Será que a alma do morto
Me visitou esse dia?
Quando ouviu o meu grito
Minha mulher assustada
Correu para o banheiro
Um tanto preocupada
Perguntou que aconteceu
Eu sem poder falar nada
Quando o susto passou
Foi resolvida a questão
Ela falou com cuidado
Me dando uma explicação
Quando cheguei lá na casa
Não precisava mais não
Baseado no conto do poeta Luis Gonçalves