O CABAZ DA BOA FÉ
Ou
«Costa no País das Maravilhas»
No País das Maravilhas
Anda o Costa sossegado
Do zero Iva pelas trilhas
C´ o Zé Povinho maravilhado.
Não há nada que temer
Porque há regras e cartilhas,
Quanto a ganhar ou perder
No País das Maravilhas.
Se´ há cordeiro meio-morto,
Sempre pronto pro assado,
Mesmo com este Iva torto
Anda o Costa sossegado.
Está d´ azia a Oposição
Com receio d´ armadilhas
Faz figas até mais não
Do zero Iva pelas trilhas.
Se o Negócio for avante
Com este Iva de atacado
O Costa ficará radiante
C´ o Zé Povinho maravilhado.
Assim, os nabos e as cebolas,
Os pepinos e os gorjetes,
Os tomates e as cenouras,
Ficarão suaves fretes.
Melancias e os melões,
Tangerinas e tomates,
As maçãs e os feijões,
As peras e os abacates.
Os nabos e as alfaces,
Os brócolos e os ovos,
Os grelos e os espinafres,
O arroz e os repolhos.
O peixe e o esparguete,
A massa e o vinho tinto,
O coelho e o franganote,
O porco e até o marisco.
Bom cozido à portuguesa,
Rojões à moda do Minho,
Caldeirada sobre a mesa
E azeite de rosmaninho.
Bacalhau à Gomes de Sá,
Ameijoas à Bulhão Pato,
Bebidas de guaraná,
E ameixas de três ao prato.
A bela sopa de canja,
Feijoada à transmontana,
Fresco sumo de laranja,
Peixe-espada à fartazana.
Abacaxi ou ananás,
Uvas, figos e cerejas,
Que rico está o cabaz
Dele já não há sobejas.
Deixemos o Iva minguar,
Sem ter mal que lhe não venha,
Com patranhas até fartar
Ninguém dele saudades tenha…
Tantos e tantos produtos,
Bom conhaque e bom café,
Com verduras e bons frutos
E tudo, tudo na Boa-fé…
Da Boa Fé é este o Cabaz:
Tem tudo, e mais não sei quê,
Mas não passa de “cartaz”
Com um IVA que mal se vê!
Frassino Machado
In ODIRONIAS