Nada a ver

Se o português da internet pode, e vem podendo muito, nós que somos brasileiros podemos mais ainda com a língua portuguesa, somos mais criativos. Então vamos lá, inventar palavras que a liberdade de expressão está garantida pela constituição de novas palavras. Começando em 3, 2, 1, já:

Eu: Você sabe o que é bitcoincoin?

Meu filho (doravante MF): Bitcoin eu sei o que é, mas bitcoincoin não faço a menor ideia do que seja. O que é?

Eu: Ainda não é, mas será. Será uma criptomoeda de baixo valor de mercado, mais apropriada para se guardar virtualmente em cofrinhos de criança com formato de porquinho - o cofrinho, não a criança, bem entendido.

MF: Sei, que desinteressante...

O desinteresse prossegue:

Eu: Tem outra, quer saber?

MF: Amigo é pra essas coisas, quero dizer, filho é pra essas coisas e outras também, então diga lá.

Eu: E hebdromedário, já ouviu falar?

MF: Nunca, mas qualquer um com dois neurônios pode deduzir que seja a junção de duas palavras, hebdomadário com dromedário, certo?

Eu: Gênio! Puxou ao pai. Mas você sabe o que significa?

MF: Como posso saber o significado de algo que não existe?

Eu: Tem muita coisa que não existe, mas tem nome... Hebdromedário seria um jornal semanal distribuído gratuitamente aos proprietários de dromedários, animais com uma corcova apenas. Se tivessem duas, como os camelos, o jornal sairia duas vezes por semana, entendeu?

MF: Pelo amor de Deus, pai, isso não tem graça alguma...

Não tem graça mesmo, mas pelo o amor tem? Prosseguindo, então:

Eu: Já que você falou nisso, sabe o que o português da internet inventou dessa vez?

MF: Diga lá.

Eu: Depois do “nada haver” (nada a ver), do “mais” (mas) e outras pérolas atiradas aos porcos da língua portuguesa, ele agora anda colocando um “o” desnecessário depois de “Pelo” como em “Pelo o que ouvi dizer...”, “Pelo o que me disseram...”, e assim por diante.

MF: Pelo o jeito, perdão, pelo jeito daqui a pouco o português da internet vai dizer também “Pelo o amor de Deus”, não acha?

Eu: Isso não, filho, pelamor de Deus!

MF: Pelamor de Deus digo eu!

(...)

Como eu, o portuguêz da internet, fui sitado indevidamente pelos os dois imbecils brazileiros, pai e filho, tudo que eles falaram da minha peççoa não tem nada haver com nada. É converssa de gente maluca: entenderam os dois miliantes aí, ou precizo dezenhar? Mais içço não vai ficar assim, não: vai vim xumbo grosso pra cima de voçeis, espera centado qui de pé canssa.