CONTATOS IMEDIATOS (De zero grau)
Ele bem que tentou manter um contato com o cara que estava sentado em um dos bancos do jardim da Clínica.
Pousou sua nave em meio às folhagens, um objeto cilíndrico tendo aproximadamente noventa centímetros de altura por três metros de diâmetro e as extremidades superior e inferior achatadas e provida de várias antenas de captação e luzes oscilantes.
Não se sabe qual a matéria prima utilizada para a confecção da mesma. Pode ser o XKLZ – 325 ou o YHY – l93 ou ainda qualquer outro material ainda nem sonhado, sequer imaginado por qualquer ser humano. Ele havia recebido uma incumbência e a cumpriria.
Objeto camuflado, escondido por entre a vegetação, ele abriu a portinhola e saiu com seus cinqüenta centímetros de altura, todo verde e uma feiura de dar dó.
Tinha a cabeça desproporcional ao resto do corpo e apenas um olho gigantesco e vermelho que acendia e apagava. Os braços eram curtos e finos e as pernas pareciam cambitos. A barriga parecia um painel contendo vários botões. Era botocudo, botocudo mesmo, e tinha nas mãos uma arma estranha que lembrava a pistola, porém, com um brilho estranho.
O ser estranho aproximou-se do Janjão, o interno que estava sentado no jardim e estranhou por ele não ter se assustado com a sua nave ou com a sua aparência.
Era natural. Sob a ótica do Janjão, o cara não tinha nada demais: Era comum. Tanto fazia. Podia até ser um brinquedo que andava e ele gostava de brinquedos.
A nave? Era qualquer coisa, sabe-se lá. Uma bola grande, uma caixinha de música gigante, sabe-se lá. Era normal. Ele já vira coisas muito mais estranhas como monstros agarrando-o, amarrando-o na cama e furando-lhe o braço com agulhas. E ele dormia e quando acordava os monstros tinham ido embora, só havia as enfermeiras no quarto.
O homenzinho verde, (ele era verde? Pro Janjão, qualquer cor era qualquer cor e a cor do homenzinho era normal), aproximou-se dele e perguntou com voz metálica:
- Quem é você?
- Janjão.
- O que você faz aqui?
- Não sei...
- Que lugar é esse?
- Sei lá...
- Você mora aqui?
- Não sei...
- Existem muitos de vocês aqui? Quantos?
- Não sei.
- Como funciona o esquema de vocês aqui na Terra?
- Sei lá...
- Vocês têm armas pesadas? Ogivas nucleares? Raios Lazeres?
Sistema de Tele-transporte molecular? Tanques, aviões de guerra?
- Não sei.
- Têm abrigos subterrâneos, planejamentos, projetos avançados de guerra bacteriológica? Produção sistemática de vírus inibidores da produção de anticorpos?
- Não sei.
O homenzinho vendo a apatia do cara, apertou um dos botões da barriga e falou:
- Um, dois, três, Mestre! Aqui é o X-0 falando. Acho melhor abortar a missão de invadir a Terra.
- Que houve? – perguntou uma voz possante vinda não se sabe de onde.
- Não vale a pena, Mestre. Os terráqueos são lesos. Não sabem nada, não têm nada, deve ser alguma coisa existente no ar ou na água do planeta.
- Saia imediatamente daí! – ordenou a voz.
Autoria: Isaura B. Theodoro (fev/2001)
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