SORRINDO PARA COMPRAR E CHORANDO PARA PAGAR

SORRINDO PARA COMPRAR E CHORANDO PARA PAGAR

(Autor: Antonio Brás Constante)

Como é bom comprar e ao mesmo tempo como é ruim gastar. O problema é que não se consegue comprar sem gastar. As duas coisas andam juntas, nos causando sensações contraditórias ligadas a nossa satisfação por passarmos a possuir algo que queríamos, e pela frustração de nos endividarmos nesse processo.

Há uma falsa idéia de que as mulheres gastam mais do que os homens, mas isto não é verdade. Claro que uma mulher em um shopping parece uma ilha cercada de sacolas por todos os lados. Elas passam horas e horas experimentando roupas, acessórios e sapatos de forma incansável. Quase fanática. Mas se pensarmos que, para cada peça de roupa que olham, elas também têm de cuidar de vários outros detalhes tais como:

Primeiro: se as roupas que escolheu não são iguais as de suas amigas.

Segundo: se o preço é possível de explicar ao marido e se cabe no cartão de crédito.

Terceiro: se aquela peça de roupa é similar ao modelo que ela viu em uma certa revista famosa de moda e que custava dez vezes aquele valor.

Quarto: se vai ficar bem com todos os seus doze vestidos, dez colares e quinze diferentes pares de sapato. Etc.

Tudo isto com apenas um olho, porque com o outro elas ficam cuidando se o safado do seu marido (namorado, ou assemelhado), não está se engraçando com alguma atendente, ou com uma das clientes, ou vendo algum pôster com propaganda de lingerie. Porque mulher sabe que homem é tudo igual.

Agora, se formos analisar os gastos masculinos, podemos começar calculando as cervejas bebidas com os amigos, as vaquinhas pagas pelas canchas de futebol, os lanches saboreados (geralmente o homem come bem mais do que a mulher durante o dia, pois são menos adeptos as dietas, é só olhar a quantidade de homens nos bares comendo pastéis nos finais de tarde), e finalmente, os gastos com ingressos para ver o seu time do coração. Sem esquecer de todos os apetrechos para pescaria que eles compram.

Para conseguir satisfazer a vontade de comprar, comprar e comprar, muitos acabam indo parar nos chamados “templos de consumo”, mais conhecidos como shoppings. Onde são seduzidos por ofertas irresistíveis e uma infinidade de itens expostos com parcelamentos incríveis (recheados de taxas imperceptíveis e horríveis), transformando as pessoas em uma espécie de escravos do vício das compras. Esse vício faz com que elas entrem nesses lugares com os bolsos cheios e as mãos vazias e saiam de lá com os bolsos vazios e as mãos cheias... De contas para pagar.

Em um mundo onde o apelo por consumir está em cada canto, em cada programa, em cada novidade (principalmente nesta época do ano). Talvez seja hora de começarmos a gastar mais o nosso tempo em vez de nosso dinheiro, investindo na amizade, passando a ouvir mais as pessoas que amamos, brincando mais com nossos filhos, visitando nossos pais, reencontrando o diálogo a dois em nossos lares. Assim, poderemos ganhar muito mais do que dinheiro, pois receberemos afeto e alegria, reforçando nossos laços de união. Pois, todo dinheiro do mundo não pode preencher a solidão de uma vida fútil que jaz vazia.

E-mail: abrasc@terra.com.br

(Site: www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc)

BLOG (me rendi a este tal de blog) : http://abrasc.blogspot.com/

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 09/12/2007
Código do texto: T771391