O PALCO DA DISCÓRDIA
“Das Jornadas Mundiais da Juventude”
Dizem as Leis da Sabedoria
Que da discussão nasce a Luz
Mas não diz que da Fantasia
Nasce o Bem que a alma seduz!
Deste Projecto tão sonhador
Nasceu a Luz e a solicitude
De dar a todos maior vigor
P´ las Jornadas da Juventude…
No melhor pano a nódoa cai
E ninguém dá o braço a torcer:
Da base da colina o rato sai
E o pasmo cresce até mais ver.
Um Altar de Papa se elevou
Qual trono de ouro imaginado
Mas em panaceia se transformou
Deixando de ser lugar sagrado.
Aparece logo um oportunista
Com vil instinto predador:
“Com um pozinho malabarista
Qualquer negócio é tentador!”
Assim falou Tozé Milhões
Fazendo contas c´ os Maiorais:
“São meia dúzia de tostões,
Não vale a pena pensar em mais!”
“Mas… ó empreiteiro, isso dói!
Há qu´ arranjar outra maneira,
À imagem de algo que já foi…
Pra que não haja escandaleira!”
- Neste País é só à fartazana,
Temos por cá uma Bazuca
Que satisfaz a pobretana
Nesta nossa intenção maluca…
- Ó amigos, assim não vamos lá:
Já se fala em auditorias,
Vejam lá se d´ hoje pra amanhã
Sobejam as taras e as manias?
- O Altar não passa dum aborto
E até o Papa já anda agoniado
Sabendo qu´ o negócio anda torto
Com alguém a assobiar pro lado…
A empreitada é uma aberração,
Cada uma das tarefas é isco
Que deixa ao léu a corrupção
E compromete o bom Francisco.
Não haverá nenhum supervisor,
Para todo este berbicacho?
Com certeza qu´ há, e ao dispor
Se houver um aliciante tacho!
Tais Jornadas da Juventude,
Na senda de um mundo melhor,
São um alfobre de virtude
Num futuro assaz promissor.
Toda a iniciativa é curiosa,
Desde que sem pedra no sapato,
Lamenta-se, porém, por desditosa:
Quem sabe, se nela não há gato!?
Em todo este Palco da discórdia
Não se vê princípio nem fim
Não há esperança nem glória,
Apenas Teatro em folhetim!
Frassino Machado
In ODIRONIAS