E agora, Jair?
E agora, Jair?
A eleição acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Jair?
e agora, você?
você que é sem modos,
que zomba dos outros,
você que faz nada,
que odeia, debocha,
e agora, Jair?
Está com mulher,
mas está sem carinho,
está sem discurso,
já não pode correr,
já não pode falar,
mentir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
a vitória não veio,
o golpe não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, Jair?
E agora, Jair?
Sua amarga palavra,
seu instante de fúria,
sua reza e jejum,
sua falsidade,
sua língua ferina,
sua alma de pedra,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer manter o poder,
mas o poder cessou;
quer ir para Brasília,
Brasília não há mais.
Jair, e agora?
Se você gritasse,
se você liderasse,
se você governasse
essa massa decente,
se você sonhasse,
se você vencesse,
se você amasse...
Mas você não ama,
você é rude, Jair!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem ter o centrão,
sem parede nua
para se encostar,
sem a imunidade
que dá impunidade
você marcha, Jair!
Jair, para onde?