O processo
No escritório de advocacia:
- Bom dia, seu João.
- Bom dia, doutor.
- O senhor processou a empresa Presentes Carinhosos, certo?
- Certo. Qual foi o veredicto?
- O senhor ganhou o processo.
- Ganhei!? Que maravilha! A justiça foi feita, enfim. Tarda, mas não falha. Quando receberei os R$ 2.000,00?
- O senhor, na condição de pessoa física, processou a Presentes Carinhosos, uma pessoa jurídica.
- Sim. Eu sei. A televisão estava com defeito. Tenho direitos, os dos consumidores. Quando receberei os R$ 2.000,00?
- Senhor, entenda: há um detalhe que o senhor, ao processar a Presentes Carinhosos, não considerou.
- Qual?
- O senhor é o dono da Presentes Carinhosos.
- Eu sei.
- Então, a pessoa jurídica Presentes Carinhosos terá de pagar ao senhor, pessoa física, os R$ 2.000,00. Sabendo-se que o senhor responde, legalmente, pela pessoa jurídica Presentes Carinhosos, então o senhor terá de pagar os R$ 2.000,00...
- O quê!? Eu, pagar os R$ 2.000,00!? Absurdo! Se ganhei o processo!? Do meu bolso não sairá um centavo para o salafrário que processou a minha empresa.
- Senhor, entenda...
- Ja entendi, advogadozinho mequetrefe. Rábula calhorda! Você quer me tirar dinheiro! Se ganhei o processo! Vou recorrer da decisão do juiz. Não pagarei a quem processou a minha empresa um centavo sequer!
- Senhor...
- Que justiça!? Falha! Falha, e tarda! Fui.