PAGANDO MICO
PAGANDO MICO
Carlos Roberto Martins de Souza
O candidato a “ex", Jaindo Embora foi visitar o município de Piranhas, em Alagoas, na sua Procissão dos Aflitos pela busca por apoio político. Não avisaram a ele o nome da cidade, pois foi um desvio de rota para alavancar a campanha. Lira queria pegar carona no nome sujo do parceiro de tramoias.
Arthur Lira: Meu chefe, lá está Piranhas, prepare-se, vamos ter que fingir felicidade, pois ali é reduto do Rei Nan, seu adversário. A devoção lá é fervorosa.
Bozo: Rei o que? Somos “presidencialista”, sou presidente, porra. Talkey?
Lira: Acho melhor o senhor seguir o rito, aqui no nordeste tem uns cabras que são mais importantes que o Papa, e esse é mesmo o Rei das Alagoas.
Bozo: Caceteeeeee! Rei Nan? É Réu Nan! Ainda falam em Piranhas. Com tantas lá pelas bandas de Brasília, vocês dizem que lá embaixo tem Piranhas. Sou Bozo Antibes, e o “Jururu Perneta” brochou! O único programa que faço é motociata, pois sinto tesão sentar no banco de numa moto. É “ereção fatal".
Lira: Mas, morzinho, são votos importantes, Piranhas também é gente. Meu garoto, engole esta! Sabe como é a politica, fingir sempre, fugir nunca.
Bozo: Caralho, pelo amor de Deus, manda o piloto tomar cuidado, pois lugar onde tem piranhas, até avião tem que pousar de costas.
Sobrevoando para pousar, Bozolino resolve mostrar sua sapiência fecal, estava entusiasmado com o povo nordestino.
Broxonaro: No meu bom tempo no Rio de Janeiro, aquele período de “imbrochável”, faturei muitas “piranhas" lá na Vila Mimosa. Eram dez minutos para chegar ao paraíso. Lá era a preços promocionais, “Fast-Sex”. Fazia a festa, pagava em dinheiro vivo. Saia da caserna direto para a caverna da Madame Satã.
Lira: Madame Satã? Era a melhor do puteiro? Vai, me passa a ficha, pois gosto de ouvir histórias eróticas.
Bozo: Isto é sacanagem sua, minhas intimidades são secretas, decretei 100 anos de sigilo, pois a Madame Satã e meu amigo” particular e nas horas vagas gostava de uns vestidinhos, segundo ele, era para pegar a brisa nas partes baixas. Não espalha! Talkey?
Lira: Pousamos, se contenha, pois aqui no nordeste a reputação do senhor anda igual rabo de cavalo, só cresce para baixo. Deixe seu dicionário no avião. Prenda a língua na boca, pelo amor de votos.
Bozo: Merda! Até isso? Quando sairmos, não quero foto com “piranhas", pois sou família, sou cristão e não fica bem. Se os evangélicos virem uma foto minha com uma rapariga, vão me fazer de Judas.
Apressado em fazer contato com os moradores, Bozo vê dois garotos, um gritando com o outro: “Minto! Minto!”. Se empolgou, mandou parar o carro, mal sabia que Minto era o apelido do guri. Chegou perto e atacou:
Bozo: Obrigado, de coração, pelo reconhecimento. Vejo que vocês me conhecem bem. Porque aqui tem tantas piranhas garoto?
Guri: Moço é porque os “jacarés” estão todos em Brasília. Lá se come piranhas todos os dias. Piranha, viado, e muito mais.
Boçal: Filho de uma égua, esse negocio de “reputação” veio de que? Essa peste está me zoando. Até estes bacuris estão me zoando.
Seguiram do aeroporto para o centro de Piranhas, no caminho muitas faixas diziam: “Parabéns Messias", “Messias nosso Herói", “Messias é o maior". Jaindo Embora ficou eufórico, pois não imaginava tamanha recepção. Botou meio corpo para fora do carro e começou a acenar para o povo. Na primeira esquina entra uma Kombi Pickup toda amarrada com arame, com um sujeito na carroceria. Era o “Messias”, o maior mentiroso do Nordeste, e o povão gritando: “Messias, Messias".
Bozo; Puta que o pariu, que merda é essa? Quem deixou este cabra da peste entrar na nossa frente? Quem é esse cabeça chata? Tira esta lata velha da frente, chama os seguranças.
Lira: Calma! Segura a língua, pois este é o “Campeão Mundial de Mentiras”. Está retornando de uma competição. Ele é invencível.
Bozo: Qual a mentira que ele contou? Duvido que seja maior que as minhas. Vou mandar prender esta desgraça por usurpação de função.
Lira: Foi na Europa, estavam lá centenas de presidentes, reis e ditadores. Ele apenas disse que o Brasil tinha o presidente mais honesto do mundo. Faturou por unanimidade.
Boçal: Cafajestes, vou recorrer, vou ao STF - Supremo Tribunal Falcatrual - ele ganhou falando uma “verdade", isto é roubo. Cabe recurso! Chame o Xandão, quem sabe ele concede uma liminar suspendendo o resultado.
Lira: Acho melhor deixar para lá, pois merda, quanto mais mexe, mais fede. Deixa este maldito ir embora.
Foram para o palanque, lá uma “QUADRILHA" vinda do Rio de Janeiro o esperava, seria a Danças das Propinas, com distribuição de verbas para a construção um Bingo na cidade. Como é de costume, chamaram alguns puxa sacos para puxar as palmas na festa. Tinha até “carpideiras", pois o defunto Jaindo Embora estava prestes a deixar o posto. Um padre muito famoso seria transferido, e convidaram ele para a festa como homenagem. Um presente. O presidente Jaindo Embora iria fazer um discurso principal. Quando deu o horário da festa, estavam todos lá, menos a comitiva do presidente. A Pickup Kombi quebrou na frente do carro oficial e bloqueou a via. Passada a hora, o povo estava impaciente, então, o padre resolveu fazer o discurso de despedida, pois tinha passagem comprada.
Padre: Quando cheguei no aeroporto hoje, a primeira pessoa que se confessou comigo, para fazer média com os matutos, falou que havia casado a três vezes, aplicado vários golpes em muita gente, roubado o salário de seus funcionários, usado explosivos como um doido, tomado cloroquina e visto milhões de filmes pornográficos. Logo pensei que aqui em Piranhas só havia homens como esse. Mas, quando me falaram do povo trabalhador e honesto, mudei minha opinião.
Depois de muito tempo a procissão fúnebre seguiu, Broxonaro chegou apressado, pegou o microfone para dar o seu recado.
Bozo: Quando esse padre chegou aqui, eu nem era mais esperado, pois o transito aqui é muito carregado, tinha muitos veículos nas ruas, mas tive a honra e a graça divina de ser o primeiro a me confessar com ele já no aeroporto. Abraços! Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
O prefeito Jacinto Pinto, muito solicito, resolveu apresentar alguns moradores como símbolos do governo federal na cidade.
Prefeito: Subam aqui, Jacinto Fome, Jacinto Morte, Jacinto Merda, Jacinto Lamas, Jacinto Pena, Jacinto Derrota, Remédio Amargo, Pinto Brochado, Flávio Coitadinho, e a nossa Maria Rachadinhas da Corte.
Foram recebidos por uma tradicional Salva de Ovos, “ovada", foi ovo acionados pela multidão.
Perturbado com a confusão, humilhado pelo povo nordestino, desconcertado, chega a hora do Broxado falar.
Bozolino: Piranhos e Piranhas, estou muito feliz, vou ser breve, pois preciso cumprir agenda, tenho várias cagadas agendadas e não posso prender as merdas. Talkey?
Terminada a Missa de Corpo Presente, como qualquer político que se prese, Boçal Nero resolveu encerrar com uma caminhada, pois uma motociata não traria contato direto com o povo. Como “crentão” que afirma ser, ao passar na porta de uma igreja Assembleia dos Políticos, o pastor interpela o Messias que eles elegeram.
Pastor: Quer confessar os seus pecados, diante da autoridade divina, Merdíssimo presidente?
Boçal Nero: Querer até que eu quero, mas só falo na presença do meu advogado. Não confio no reverendo. Vocês já fizeram muita merda.
Um vereador, tentando ajudar na sessão de baba ovo do presidente resolve subir o tom.
Zé da Cabrita: Aqui está um homem honesto, um político competente. Um cara família, justo, inteligente e cheio de empatia.
O bêbado ouviu e não deixou por menos, quis corrigir.
Bêbado: Desde quando estão enterrando várias pessoas juntas no mesmo caixão?
O cara da Televisão Rede Bobo, emissora local, aborda o presidente e faz sua proposta.
Bill Bebes: Presidente, estamos lançando o nosso maior programa, campeão de audiência, o “Big Bode”, a vaga do senhor está garantida, vai ser um sucesso, já escolhemos o nome de guerra, Zé Caganeira.
Bocal: Enfia este seu programa no... Eu tenho coisa mais importante, vou ao debate com o Lula.
Levaram a “come-tiva" para um restaurante, “Cocô Bumbu", lá serviriam alguns pratos em homenagem presidente. Alguns exóticos, outros típicos, e não poderia faltar os regionais. Em ritmo de festa o chefe iria fazer a sua propaganda.
Boçal, mal entrou, viu a foto de um prato de camarão na parede, bateu logo a maldita diarréia, trancou o fiofó, colocou a mão embaixo, saiu atropelando tudo a procura de um banheiro.
Bozo: Que merda essa merda! Porra! Logo agora que eu ia comer alguma coisa. Esta desgraça de camarão tinha que aparecer até aqui neste lugar de Piranhas. Tô ferrado!
Bozo sentou no vaso, fez tanta força que até os miolos desceram junto com caganeira, um rolo de papel higiênico não foi o suficiente, teve que usar a cueca samba canção para completar o serviço.
Ao que parece, o crustáceo já entrou para a lista de animais antifascistas. Ele voltou para almoçar.
Chefe do Restaurante: A entrada será
“Broxettas ao molho de vaselina", “Salada de Mentilhas” regadas com Óleo de Peroba. O prato principal é o preferido do “Centrão”, partido de Lira, que trouxe Bozo para o passeio de despedida, “Robalo”. Para homenagear especialmente o Broxonaro, serviremos “Lula ao Molho de Cachaça”, coberto com Tomate Vermelhos e fritos. O tempero principal é “Nas Bocadas", e a sobremesa será “marmelada” e leite condensado.
Bozolino: Sues camadas, porra!!! Caralho!!! Cancela este merda, prefiro morrer de fome. Manda este chefe para o quinto dos infernos.
Boçal Nero chegou ao aeroporto da cidade onde tinha ido “comprar votos” e foi para a sala de espera, pois o único vôo do mês era o de sua trupe. O avião pousou, e o responsável pelo embarque anunciou no sistema de som:
Locutor: “Passageiros para o vôo 171, apresentem-se para o embarque”. Boa Enganagem!
Foi um burburinho, uma confusão dos infernos, a irritação foi geral. Entra em cena o responsável pela organização da viagem.
Lira: Calma, 171 é o número da aeronave que pertence a Fernando Color, uma lembrança de seu tempo na presidência. Ele quis fazer um agrado ao seu candidato preferido para as próximas eleições, ele era “17" em 2018, só acrescentaram o “1” para ficar mais próximo da realidade.
Bozo: Manda essa porra de piloto levantar voo, não fico aqui e nunca mais volto nesta terra de cabeças de bagres, só me fizeram pagar mico e nada mais. Deus me livre!