MULHERES...TÊM JEITO NÃO!

Das histórias que poucas de nós contariam...

Sempre fui excelente fisionomista, pois tenho memória fotográfica...e digital! Tempos de modernidade...

Se cruzo os olhos com alguém mesmo por segundos, passarão mil séculos e eu o reconhecerei na primeira oportunidade.

Mas, tenho algo que não sei se é qualidade ou defeito, pois há quem se incomode com isso: Sou incapaz de passar por alguém que conheço, ou por alguma situação que me reporte a alguém conhecido, e fingir que não é comigo...a não ser que haja grandes motivos para tal. Sempre abro uma festança...de coração!

E foi assim que ocorreu naquele supermercado.

Bati os olhos nela e imediatamente me lembrei dos detalhes.Mas o seu nome...puxei pela memória e nada! Acho que todos já vivemos uma situação assim.

Éramos vizinhas de condomínio e há uns bons sete anos que não nos víamos.

Mudou-se para outro Estado e eu ainda acreditava que por lá estivesse. Senti um remorso danado por não me lembrar, poderia parecer falta de consideração...mas tratei de disfarçar.

Era famosa no antigo espaço residencial, porque sempre tinha uma confusão diferente que a rondava.

Lembro-me bem que tinha mania de silencio e de limpeza.

Nada de grave, acho mesmo que as pessoas é que não são condescendentes com as manias dos outros, ora essa. Afinal, todos temos uma, não é verdade?

Esforçava-se para ser simpática, mas parece que tal dom não era o seu forte nessa dimensão. Era o que diziam...

Assim que me aproximei já exclamou meu nome:

-Ora ora, você por aqui! Quanto tempo...é um prazer...

E colocamos o papo em ordem .Fiquei feliz por ter me reconhecido instantaneamente, afinal, “acho que não mudei muito”, concluí feliz da vida...

Para nós, mulheres maduras, qualquer sinal de “conservação biológica” já nos coloca mais calmas...

Mas, como diz o ditado...alegria de pobre dura pouco.

Terminando a conversa, ela de mim se despediu com as seguintes observações:

-Olha...sinceramente, você não mudou nada, você está linda!

-Imagina, obrigada! Você também.

-Quem dera eu chegasse na sua idade, linda assim, como você!

Ai ai ai...não entenderam, não é? Eu explico: teria sido um baita dum elogio, se ela não tivesse dez anos a mais que eu! E desse pequeno detalhe cronológico...eu me lembro bem!

Juro, saí do supermercado direto para um consultório de cirurgia plástica.

“Deve haver algo de muito errado comigo”...concluí com resignação.

E quanto a ela...bem, “a língua pequena” sempre tem razão...

(Verídico)