Estava eu “calminho da minha vida”, sentado num banco e pensando: “ohh, que cidade maravilhooosaa”, “vou ali comer um acarajé porque ‘eu mereço’… que eu tô de folga” e etc. etc. "Ô Baianaaa..." (o sotaque de Salvador aparece com o cheiro do dendê) "você aceita CARTÃO??", aí ela disse que só no PIX ou dinheiro. Já comecei a passar mal segundos depois, só de ver a baiana fazendo meu prato antes de eu mandar o PIX dela. “ai meu Deus!!… Ai me Deus”. Como esperado (de Deus punindo minha gulodice – e uns recentes Yoga Fulêro de 12 min diários… – tudo relacionado aos meus dados móveis funcionavam, MENOS O BANCO. “Senta pra comer moço, depois de comer cê manda” e eu com a cara enfiada no celular tentando repetidamente entrar no banco e mandar o PIX… Sentei no banco e comi o acarajé como quem come clara de ovo… Não senti absolutamente nada, zero sabor. Só nervosismo… fiquei criando situações em minha cabeça paranóica... onde a baiana de acarajé:

 

- Atira um acarajé quente em minha cara me chamando de caloteiro.

- Diz algo do tipo “você não sai daqui sem me pagar”

- Chama o ajudante (sim, tinha um ajudante) pra me dar porrada.

- Me dá um tiro de espingarda (que ela tira das costas, como uma cangaceira)

- Chama a polícia.

- Diz “Ponha suas calças em cima da mesa, pode ir…”

 

Enfim, muitas opções. Eu estava com vontade de comer acarajé há semanas e não senti gosto de nada,só de desespero e pimenta. Inclusive a pimenta estava forte e eu fiquei fungando e lacrimejando, acho que a baiana pensou que eu estava chorando de vergonha.(…) No final das contas eu só consegui pagar (e respirar) em casa, mandei o comprovante e ela respondeu “Deus te abençoe”. Uma fofa…

 

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 12/07/2022
Reeditado em 07/11/2023
Código do texto: T7557670
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