A QUEDA CIVILIZATÓRIA DO PAPEL HIGIÊNICO

Não faz muito tempo que aqui eu escrevia e publicava várias crônicas sobre algo que, há pouco, me intrigava nas nossas prateleiras dos supermercados: a variedade mercadológica dos papéis higiênicos.

Havia para todos os gostos e bolsos! Dos mais exóticos aos mais conservadores.

Quem prestasse atenção naquilo se sentiria num país de primeiro mundo porque, convenhamos, o saneamento básico completo , o que pontua o nosso alicerce de ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH), tem sua cadeia iniciada justamente num bom papel higiênico, ou num breve jato d'água para que tudo fique bem limpinho e sanitizado.

Só para relembrar, se tratava duma criatividade de "marketing" inacreditável, tudo só para convencer o consumidor a comprar essa ou aquela tal marca.

Toda vez que eu ali parava para analisar sobre minha compra, sempre havia uma nova proposta "fashion", uma novidade ao bem estar pessoal(afinal você merece!) a nos fazer decidir pela compra ali, bem sob os nossos olhos e claro, a prontamente me inspirar uma nova crônica.

Não bastasse aquele famoso papel branquinho e geladinho que se consagrou na propaganda, aquele exposto na bandeja do mordomo Alfredo(lembram dele?), lá estava novamente o papelzinho repaginado ( em meio a tantos outros) com alguns novos dizeres sobre sua magnífica fórmula, posto que não lhe bastava mais ser apenas macio.

Atenção: "contém Aveia, Aloe vera, Óleo de linhaça, Chia, Perfume( francês será? Curioso milagre!); antialérgico, vegano, turbinado, super rodado , hiper quilometrado, duplo, triplo, desenhado, decorado, comportado...

Só não vi papel higiênico com botox. Iria bombar nas vendas. Acho.

Houve uma vez que minha surpresa foi demais e falo a verdade, não é ficção: papel higiênico VITAMINADO. Fiquei tentando entender cientificamente qual seria a ação daquela proposta. Mas deixemos pra lá!

Posto que o mérito da minha crônica é outro, falo agora sobre um movimento totalmente antagônico, dentre o aceleradamente retroativo do todo da REDUFLAÇÃO: sobre a lamentável queda livre do índice de qualidade e quantidade dos rolos do papel higiênico, cujo preço, cada vez mais alto, é inversamente proporcional à sua cosmetologia cada vez mais decadente: em espessura, quilometragem e aspereza.

E sem nenhum " perfumezinho" ou" cremezinho " que valham sua alta de custo assustadora.

Afinal, não é hora de pensarmos em tão banais futilidades, aliás, eis uma verdadeira metáfora visceral das nossas realidades nada cheirosas.

Agora temos uma simples folha única, mais em conta, tão transparente como os engodos, super procurada, porque não se trata propriamente dum problema invencível, já que outro dia me peguei explicando com maestria a alguém, para que dobrasse a folha única duplamente, ou triplamente, tudo ao gosto do freguês, tipo uma arte de origami de urgência sanitária e econômica, me compreendem?

Fiz as contas, noves fora com as folhas únicas dobradas e ainda consegui uma super economia doméstica, acreditem.

Nota: qualquer rolo acima de um real e meio...com menos de vinte metros de papel seja ele qual for, é reduflação garantida!

Exposta minha indignação de consumidora mal humorada, penso que a decadência do papel higiênico poderia até ser um índice SUPER FIDEDIGNO de queda civilizatória.

Analisando seus custos e consumos nem se precisa fazer censo do sufoco social.

Seria como um atual rastreador sociológico.

Conclusão: pelo andar da carruagem dos tempos tracionados por "vacas magras", talvez voltemos às folhas de bananeiras.

Uma higienização vegetariana, querem moda mais saudável que essa?

Mas atenção: só se forem folhas das bananeiras ORGÂNICAS.

Caso contrário correremos um risco inimaginável de seríssimas complicações tóxicas no nosso já tão sofrido equipamento de saneamento básico. Nem vou falar que uma ducha é mais aconselhável porque seria acusada de promover a insustentabilidade aquífera do Planeta.

E daí, toda economia sairá pelos ralos, via mundo afora das impossibilidades...

Proponho, portanto, que toda evacuação seja sustentável e exonerada de impostos .

É o mínimo que merecemos como índice de respeito à nossa tão desprezada dignidade Humana.