A extrema-unção do bebum

Já nas últimas, prestes a dar seu último suspiro, um bêbado escuta do padre a declaração de que aquele é o momento de ele se redimir e confessar aquilo que nunca teve coragem de desabafar diante de um confessionário da igreja, para aliviar seus pecaminosos débitos.

É então que o bebum (depois de pedir um gole de pinga como último desejo) escuta com atenção e lança uma frase quase sem sentido.

— Abiroscaquenquita, padre?

O padre olha confuso para aquele moribundo e pergunta:

¬¬ Como? Você está confessando alguma culpa? Pode repetir?

Mas a frase que sai daquela boca é ainda a mesma:

— Abiroscaquenquita, padre?

O padre olha ao redor, tentando se socorrer com alguém que pudesse traduzir aquilo. A verdade é que o moribundo estava justamente na calçada de um local onde costumava beber com mais frequência. Foi dali que de repente apareceu um homem com uma toalha de prato pendurada num dos ombros e declarou em voz alta:

“ESTÁS PERDOADO! PODES DORMIR EM PAZ, Ó MORIBUNDO...!”

O padre ergue o olhar para aquele que tinha se intrometido, demonstrando seu desagrado com aquela usurpação de autoridade.

Mas, na sequência foi explicado para o sacerdote que quem havia se intrometido era o dono do bar onde o moribundo costumava beber muito, até o dia em que veio a sofrer aquele atropelamento fatal e acabou sendo jogado ali na calçada, já nas últimas. E assim o padre entendeu que estava diante daquele que realmente poderia perdoar a dívida impagável do bebum, porque aquilo que estava ali sendo perguntado insistentemente pelo agonizante era apenas o seguinte:

— “A birosca, quem quita? " (Ou seja: “o bar onde ele tinha dívida, quem iria quitar”...?)

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Da série: “A PINGA, COMO ELA É”

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