UMA DORZINHA DE NADA...

UMA DORZINHA DE NADA...

Ano de 1459.

32 anos antes de Colombo partir para as Índias,

3 anos depois de Gutenberg imprimir o primeiro livro...

3 anos do segundo reinado de Drácula, Príncipe da Transilvânia...

Por duas vezes o império turco investira contra a Transilvânia e por duas vezes fora repelido pelos guerreiros de Drácula.

Desta vez foram três dias de sangrenta batalha...

...e os turcos venceram os senhores das terras.

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-Aquele homem continua vivo, Lorde Turac! Ele se mexeu.

-Não o conhece? É o Príncipe Drácula, conhecido como o Empalador, é temido até pelos monarcas... Não o mate!

-Está bem ferido, não vai sobreviver.

-O homem é ruim como o próprio demônio.

-Então porqué poupá-lo, senhor?

-Nos ajudará a dominar esta maldita nação...

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-Lorde Turac, falam de uma cigana que faz curas milagrosas.

-Leve-nos até ela. Se merecer será bem paga em Ankara.

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-Pode curar um dos nossos soldados?

-Se pagarem bem... tragam o ferido. Deixem-no aqui e voltem amanhã.

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-Seus inimigos o querem vivo, hein, Drácula? Eles não sabem que o reconheci. Vou tratá-lo a mordidas e transformá-lo num vampiro.

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Ano de 1950...

Castelo de Drácula, Transilvânia.

-Vai doer, milorde?

-Uma dorzinha de nada.

-Sei, não.

-Você veio da América para amarelar no meu castelo?

-Pois é... mas...

-Olha meu portfolio de clientes satisfeitos; Conde de Saint Germain, Cagliostro... ambos vieram se atender há mais de 200 anos...

-Tá, mas então preciso alguns dias para...

-Não! Chega! Tenho uma fila de políticos na antessala!

-Mas...

-Uma dorzinha de nada e depois a vida eterna, Ribamar.

-Que seja.

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Ano de 1964

Brasil.

-Argh...! Qué nojo!

-Doeu mesmo, viu, seu Drácula? Já me mordeu tres vezes!

-Teu sangue tem demasiado álcool, não consigo te transformar!

-E agora...?

-Há outra solução para aquele teu pedido... escuta:

(...)

-Não...! Isso não...!

-Deixa de ser covarde!

-Mas é meu dedinho mindinho...!

-Para quê tu usas esse dedinho inútil? Pra tirar cera do ouvido?

-Isso mesmo...!

-Compra cotonetes!

-Mas...

-Nada é de graça, Luis. Vamos! Coloca o dedo mindinho da mão esquerda na máquina e dá o contato!

-Mas vai doer !

-O que é uma dorzinha de nada, perante uma eternidade sem trabalhar?

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Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 01/04/2022
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