De pleito aberto
Empregada de maior valença do que Dona Sebastiana tava pra existir. Fiel, pontual, determinada, e sempre de bom humor, era de total agrado da patroa, e do patrão, por quê não...? E como gostava de acompanhar a política... Gabava-se de sempre ter votado com o ganhador do pleito, fosse da prefeitura, do Estado, ou do País. E vivia feliz, embalada naquelas vitórias que, modesta mas orgulhosamente, julgava haver conquistado.
Um belo dia o patrão chegou em casa com o declarado palpite de votar no Brizola, na convicção de que o Brasil finalmente cairia em mãos honestas. E convenceu dona Tiana a votar com ele, e toda a família. O Brasil precisava mudar.
Votos dados, votos contados, o bravo gaúcho não passou para o segundo turno, para disputar a final com o galã das AlaGlobos..., honra que coube a um Sapoinácio barbudo...
Chegada para o trabalho, juntamente com os dados da apuração, Tiana não desarmou a carantonha de enfezada. Não se conformava de jeito maneira , dizia, numa braveza inusitada, de ter perdido a eleição...