É... Confesso que não foi uma boa ideia...

Pessoal, esse é Olegário... Homem do campo... Pensem, num cara bom, simples, honesto e confiável!

Mesmo assim, dia desses, quase..., por muito pouco ele não se estrepa, de A a Z.

Morava numa aconchegante, cidadezinha do interior e trabalhador, que ele só...

Era da casa pra roça, da casa pra missa com a família, todos os domingos!

Mas como a vida hoje não tá fácil pra ninguém, cada vez menos vendendo seus produtos no único armazém da cidade!

Então, aconselhado por um amigo, Olegário vai a uma cidade próxima de maior porte para quem sabe, com mais oportunidades escoar sua pequena produção de hortifrúti...

Vez por outra, pegava seu carrinho (seu xodó, bem cuidadinho) indo até a tal cidade, bem mais desenvolvida.

Mas uma coisa sempre lhe chamava a atenção!

Sempre na volta (já pela noitinha) passavam por ele e em sentido oposto, carros dando sinais de luzes altas, mas como nem sabia de que se tratar e imaginando que pudesse ter algum buraco na estrada, Olegário diminuía a velocidade (pra mais ou menos de 20... para 10 km/h) e seguia seu rumo tranquilinho de volta pra casa!

Porém a coisa se repetia com frequência e o cada vez mais cabreiro Olegário, vai falar com Bastião, seu compadre.

Bastião responde...

Não compadre, o negócio é o seguinte e eu vou explicar o que se assussedi:

-É um costume nosso nas estradas, di avizá quando arguém paça e vê a puliça por perto, pra módi de tê argum pobrema no carro, de istá andandu im árta venlosidadi, ô seim cartera e otros pobremas mais e anssim, iscapá das murta. É só içu cumpadri Olegário, só içu memu qi elis assendi im nóiz, as luis.

Olegário pensa:

-Eta peçuar, bão e amigu oji im dia, qi si preocupa im avizá pra jenti, as coiza das istrada.

Numa bela noite, bastião passa por duas viaturas paradas a beira da estrada, com as luzes acessas, pessoas enfileiradas e imagina Olegário, que podia ser coisa séria.

Não deu outra e Olegário pensou:

-Vou avizá todu mundo qi pudé. Vai qe os puliça tão mutando as peçoa...

Imediatamente em sentido oposto percebe que vinha um carro desatinado, em alta velocidade e aí não deu outra!

Olegário, nem pensou duas vezes e foi buzinando alto, acendendo seus faróis de 'milhas', pois precisava avisar o coitado que vinha feito um louco, voando baixo.

Assim ele fez e com a sensação do dever cumprido, seguiu devagarinho, devagarinho, assoviando pelo caminho.

É... Só que a coisa não era bem aquela que o pobre homem imaginava!

De repente um carro de polícia corta sua frente, mandando que Olegário encostasse seu veículo, que lhe mostrasse a carteira, fazendo em seguida um montão de perguntas.

Mas como Olegário sempre está prevenido e andando certinho, nada de errado foi verificado...

Querem saber quem era aquele carro que há pouco passara em alta velocidade, por Olegário?

Bingo! Era um carro de polícia que estava indo dar socorro aos colegas... Os mesmos que Olegário tinha acabado de passar!

Ah, ia esquecendo! Depois de tantas perguntas feitas o policial nem precisou pedir que Olegário acendesse todos os faróis, pois havia passado por ele, quase saindo fora do asfalto de tanta luz que tinha...

EFLÚVIO DE ARREBOL
Enviado por EFLÚVIO DE ARREBOL em 21/03/2022
Reeditado em 22/03/2022
Código do texto: T7477868
Classificação de conteúdo: seguro