Benzer tormentas
Siá Procópia - aquela do cachorrinho Camboteiro. Lembra-se? - Pois é. Além de rezadeira muito respeitada da paróquia, possuía outra virtude na qual o povo do local depunha muita fé. Ela benzia tormenta. Diziam até que este dom ela trouxera de berço. Sua avó paterna teria sido uma índia guarani. Por isso, e talvez mais por isso, a crença do povo em geral, em tudo o que Siá Procópia fazia. Puxar o Terço nos cultos da paróquia era com ela. Benzer espinhela caída, quebrante, banzo, flores brancas e mal de amor, era só chamá-la, que, depois de algumas respingadelas com água, cuja origem só ela conhecia, com um galho de arruda ou raminho de cipó de guiné, e algumas frases em língua guarani, aí pronto. Os males se despediam e saiam do corpo do paciente sem deixar rastro.
Tanto foi, com tanto fez, e a fama cresceu de tal forma, que no fim o povo já estava a exigir que ela benzesse até tormentas, com seus raios e trovões. Fenômenos naturais que sempre no início do verão “atormentavam” o vilarejo.
No princípio ela se fez de rogada, mas por fim, como diz o ditado, faz a fama e deita-te na cama, mesmo a contra gosto. ela resolveu atender as solicitações. E a partir daí, mal apareciam aquelas nuvens negras no quadrante sul, prenunciadoras trovoadas, lá se ia a Procópia, cumprir a sina de benzedeira oficial.
Só que naquele dia, já um tanto chateada, pois o povo não a deixava sossegada em casa, ela resolveu mudar as rezas. Em vez das fórmulas índias, que ninguém entendia, para um bom português.
Achegou-se a um forno de assar pão, enfiou a cabeça para dentro – o forno estava frio, claro - e gritou a plenos pulmões:
- Sai trovão, não caia no meu vão. Sai corisco, não caia no meu risco.
E povo ao redor que assistia a cerimônia, balançando a cabeça, respondia: Amem, amem .
Siá Procópia - aquela do cachorrinho Camboteiro. Lembra-se? - Pois é. Além de rezadeira muito respeitada da paróquia, possuía outra virtude na qual o povo do local depunha muita fé. Ela benzia tormenta. Diziam até que este dom ela trouxera de berço. Sua avó paterna teria sido uma índia guarani. Por isso, e talvez mais por isso, a crença do povo em geral, em tudo o que Siá Procópia fazia. Puxar o Terço nos cultos da paróquia era com ela. Benzer espinhela caída, quebrante, banzo, flores brancas e mal de amor, era só chamá-la, que, depois de algumas respingadelas com água, cuja origem só ela conhecia, com um galho de arruda ou raminho de cipó de guiné, e algumas frases em língua guarani, aí pronto. Os males se despediam e saiam do corpo do paciente sem deixar rastro.
Tanto foi, com tanto fez, e a fama cresceu de tal forma, que no fim o povo já estava a exigir que ela benzesse até tormentas, com seus raios e trovões. Fenômenos naturais que sempre no início do verão “atormentavam” o vilarejo.
No princípio ela se fez de rogada, mas por fim, como diz o ditado, faz a fama e deita-te na cama, mesmo a contra gosto. ela resolveu atender as solicitações. E a partir daí, mal apareciam aquelas nuvens negras no quadrante sul, prenunciadoras trovoadas, lá se ia a Procópia, cumprir a sina de benzedeira oficial.
Só que naquele dia, já um tanto chateada, pois o povo não a deixava sossegada em casa, ela resolveu mudar as rezas. Em vez das fórmulas índias, que ninguém entendia, para um bom português.
Achegou-se a um forno de assar pão, enfiou a cabeça para dentro – o forno estava frio, claro - e gritou a plenos pulmões:
- Sai trovão, não caia no meu vão. Sai corisco, não caia no meu risco.
E povo ao redor que assistia a cerimônia, balançando a cabeça, respondia: Amem, amem .