Da Feiura
Quando eu era criança, ouvia sempre de um adulto que eu era muito feio. Um adulto que diz isso a uma criança é doido e geralmente os doidos não mentem. Quando eu já era adulto, ouvi de uma criança que eu era muito feio e as crianças não mentem. Hoje, já com aguçado senso de autocrítica, quando me olho no espelho, chego à seguinte conclusão: o doido e a criança têm razão, porque o espelho não mente.
Agora entendo porque na juventude, sempre que eu pedia uma moça em namoro, ela dizia que eu não fazia o seu tipo. Certa vez eu conversava com uma velha conhecida e dizia a ela da minha numerosa família, éramos dez irmãos e todos eram casados e ela, com incontida e flagrante surpresa, indagou-me: até você casou? Agora entendo também porque tantos livros de autoajuda e tantas sessões de psicoterapia não conseguiram elevar-me a autoestima.