IMPROPÉRIO AO ANO VELHO (*)
Ó Ano Velho, Ano Velho,
Até pareces o V Império
Enquanto te vês ao espelho
Toma lá este Impropério:
Juraste mundos e fundos
E de vergonha estás vermelho,
Os teus males são profundos
Ó Ano Velho, Ano Velho.
A ti, tudo te aconteceu
Não admira o despautério
O qu´ é de pior está ao léu
Até pareces o V Império.
Armaste-te em D. Quixote
Mas não passas dum fedelho
Aguenta-te co´ este chifrote
Enquanto te vês ao espelho.
Todo o ano na boa-vai-ela
Com desfalques sem critério
Reza agora à Sr.ª da Agrela,
Toma lá este Impropério.
Banqueiros a dar co´ um pau,
Juízes sem eira nem beira
E tudo em águas de bacalhau
Neste país, à boa maneira…
Deputados folgando costas,
Governantes de meia tigela,
Povoléu não vai em apostas
Para não voltar a cair nela.
Coitados dos treinadores,
Toda a gente deles tem pena,
Armaram-se em ganhadores
E não acertam co´ sistema.
Nesta onda vai a Saúde,
Cada vez de mal a pior,
Nem as vacinas são virtude
Nem tem crédito o Prior.
Ó Ano Velho, Ano Velho,
Jamais jures ser eterno.
À sombra deste conselho,
Vai prós quintos do Inferno!
Frassino Machado
In ODIRONIAS
(*) – 31 de dezembro de 2021