Um intruso no meu apartamento - parte I
Quem bem me conhece sabe: se houver uma tendência a TOC em mim esta é em manter a minha casa em ordem e limpa. Então, dá para imaginar como me sinto em relação ao ser vivente que resolveu se integrar à minha família.
Pois bem, desde que o vi, por baixo da lavadora de roupas, não consigo frequentar minha cozinha com tranquilidade. E penso duas vezes em tocar meus utensílios, imaginando-o passando por perto. Então, tudo muito bem trancado. Todos os quartos lacrados com fitas adesivas. Exagero?!? Nojo, muito nojo!
Algumas medidas tenho tomado para que meu hóspede tome, forçadamente, a decisão de ir embora (se preferir morto, não me importo):
Na primeira noite, depois do meu esposo revirar todos os eletrodomésticos da cozinha e não encontrar nada, ofertei ao intruso um prato de queijo com soda cáustica (ele nem tocou - talvez, o cheiro da soda, imaginei);
Na Segunda noite, preparei-lhe um prato com requintada iguaria (pão integral, queijos e presuntos - só esqueci do copo de Coca-Cola gelada, caso precisasse se refrescar), adicionando "delicioso" tempero - cimento (receita caseira ensinada e recomendada como certeira para o deleite do meu “amiguinho”). Eu não contava, porém que, no lugar do estômago, o rato possuía uma britadeira, de forma que não o vi morto, nem senti mal cheiro algum;
Falhando as duas tentativas, busquei as famosas ratoeiras. Por via da dúvida, comprei duas: a quebra-pescoço (tradicional) e a de gaiola. Estava cheia de esperanças, porque, segundo o vendedor, eu agora iria colecionar ratos (o que, certamente, não era minha intenção. Se pegasse um já estaria de bom tamanho). Porém, pela manhã, o rato-ninja, havia mudado a posição da ratoeira, roído o queijo pelas beiradas e, ainda, o dentes de aço, roeu por fora as grades da gaiola - não estando nem preso, nem morto - para minha tristeza.
Incerta em me hospedar na casa da minha mãe, vender meu apartamento, morar dentro do meu carro ou ir embora para Pasárgada, decidi comprar veneno - agora, comida envenenada, mesmo.
Com os olhos "colados" nos meus filhos, torço para essa história terminar. Porque o próximo passo ou será eu e ele tomarmos um café, trocando ideias sobre a mobília do apartamento, ou eu oferecer uma recompensa para quem se habilitar a auxiliar na busca e morte desse moço. E aí, alguém se habilita?