Ossos de fadas, porquê sim

Há objetos que as pessoas deixam quando morrem. Alguns preferem não usá-los. Outros os buscam loucamente: "sempre quis aquela blusa, sempre desejei aquele sapato" e se esbaldam como abutres sobre os restos mortais. Você olha o obituário da sua cidade? Porque não? É o jeito de saber que você está vivo ainda. O que você fará se descobrir que hoje é seu último dia? Para além da vida imposta por qualquer religião, tem a sua/nossa vida a ser vivida, vivendo com equidade nas relações com todos, não só com seus parentes ou seu cachorro.

O que falam os objetos deixados por outros já falecidos? Que cores gostavam? Mais despojados ou clássicos? Higiênicos?

Minha avó tinha 23 anos quando morreu de febre tifoide, em 1938. Meu pai tinha alguns meses, não teve irmãos. Ela tinha um livro de reza e todos os dias mostrava sua devoção. Um dia meu pai me entregou este livro dizendo que estava marcado na última folha que ela lera antes do fim. Incrivelmente, a página dizia que as pessoas devem lembrar diariamente que o dia pode ser o último, sendo assim, como se apresentar para Deus depois da morte? O que teriam para contar, referindo-se a uma conduta ilibada. De certa forma, seus restos dizem respeito à própria morte, ou seja, a última coisa que ela leu foi uma prescrição de como se apresentar para Deus.

Ossos de fadas, vestígios, fragmentos, pegadas, indícios, pistas, evidências. Essa pessoa realmente existiu? Que sabe?

Mãe ensina seus filhos a consumir sem pagar no mercado depois reclama dos políticos corruptos

Neiva gosta de ir ao mercado com seus dois filhos: Jacson, de 8 anos e Maikel de 5, especialmente porque eles podem comer salgadinhos, picolés e chocolates sem ela precisar pagar. Não que ela não tenha dinheiro. Ela tem, mas acha tudo muito caro. Jacson escolhe sempre os produtos mais caros, ela se diverte vendo o quanto ele é esperto em consumir tudo rapidinho. Maikel tem outras preferências e se lambuza mais com os picolés. Ela consome iogurtes. Anda para um lado, anda para outro, espera todos estarem satisfeitos e vai embora. Prefere trocar sempre de mercado porque gosta de variar. As vezes o marido vai junto, mas ele só bebe cerveja. Sua grande queixa, porém é com os políticos corruptos, que cobram impostos cada vez mais caros para depois desviarem o dinheiro em contas na Suíça.