Ó DA GAITA!
(Réplica ao poema “A venda da Gaita”, de Xavier Zarco)
- Ai gaita, pra que te quero,
Se já não tens serventia?
Antes um pífaro brejeiro
Do qu´ uma tal bizarria!
Já não há gaitas de jeito
Que agradem a toda a gente,
Todas elas têm defeito
E não são com' antigamente.
Gaitas belas é só de vê-las
Pelas mãos d'alguns manhosos,
Tomara muita gente tê-las
Seja em humildes ou famosos.
Ai gaitas dos sete costados
Da nossa experimentação,
Tomara que, habituados,
As tivéssemos de mão em mão...
Não há gaitas, não há gaitas,
Já foi um ar que lhes deu,
Quer em gaijos, quer em gaijas:
- Dá-me umas tantas, ó meu!
Isto é que vai uma gaita,
Nesta vida que Deus manda:
Só se safa quem tem lata
Co´ esta GAITA que tresanda!
Não há «gaita» que não goste
De enfeitar uma bela orquestra
Onde, por prazer, s´ encoste
E onde possa fazer festa!
Mas “gaita assim” é um perigo
Há sempre que desconfiar…
Ó da Gaita, olha o qu´ te digo:
Quem é qu´ te pode tocar?!
Frassino Machado
In ODIRONIAS