Ainda não tem título
Negrada, eu vô contar um negócio pra vocês, mas num contem pra ninguém não, por favor. Tá, tudo bem, eu sei se eu contar pra vocês, é mermo que eu butá na globonews. Eu fazia a sétima série, no Lourenço Filho, em Crateús-CE, na época em que eu era pobre, hoje sou classe média alta, mas não larguei mão da mania de pobreza, ainda hoje boto um prego ou um arame no cabresto da havaiana por debaixo do solado. Gente, a minha calça azul da farda, no colégio Lourenço Filho, eu a tinha dêrna da quarta série. A bicha só crescia no embanhado, isto porque a mãe da gente butava mêi metro de panho pra dentro. Manos, eu dei um cangapé tão grande nos peito do Júnior que minha calça de tergal azul se partiu, de riba a baixo, bem na boca do carretel, no exato momento em que a tia Marilaque ia passano. Pai fie Spritu Santo, pense numa vergonha da mulesta. Eu fui pra diretoria assim mêi de lado que nem caranguejo, butano o livro de matemática do Castrucci e Giovanni pra tentar cobrir as duas empadinhas de rodoviária, mas num deu muito certo não, ainda bem que na época jurássica eu num tinha o parentesco que tenho hoje cum Tony Ramos, era tudo coisadin que nem o gogó duma garrafa. Agora quando a tia Marilaque caguetô pra minha mãe, eu levei tanto do bufete, tanto do cocorote que ainda hoje minha cabeça é cheia de mondrongo.