O OUTRO MANEL

«Réplica ao “Manel” de Xavier Zarco»

Manel, de rijo costado,

Como ele não há ninguém,

Em casa não é pau mandado

E na rua puxa vintém!...

Aí, ah, grande Manel,

Inda chegas a furriel!

À rasca estava o Manel

Ardendo de sede eterna...

Na laia do seu cartel,

Assapou-se na taberna...

E, para dar carta ao vício,

Chamou a ele o Ti Maurício!

Manel é um porreiraço

E nem diz mal da mulher:

Não é pobre nem ricaço

Mas tem sempre pro que quer...

A cada hora dá ao pernil

E bebe mesmo do barril!

Para a mulher entreter

Leva pra ela bifana

Digam lá s´ isto não é saber

Dar a volta à Tia Ana...

E à noite, com estaleca,

Bebem ambos p´ la caneca!

Manel até sabe viver,

Nunca diz mal do ministro:

Pelo menos, até morrer

Goza deste mundo de Cristo...

Manéis há muitos, é certo,

Mas, com´ este, nenhum tão esperto!

Na terra era estimado,

Embora, às vezes, velhaco,

E (porque carga de fado?)

Chamavam-lhe Manel-caneco…

Ninguém lhe queria mal

Era um castiço genial!

Frassino Machado

In ODIRONIAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 17/06/2021
Reeditado em 17/06/2021
Código do texto: T7281002
Classificação de conteúdo: seguro