O OUTRO MANEL
«Réplica ao “Manel” de Xavier Zarco»
Manel, de rijo costado,
Como ele não há ninguém,
Em casa não é pau mandado
E na rua puxa vintém!...
Aí, ah, grande Manel,
Inda chegas a furriel!
À rasca estava o Manel
Ardendo de sede eterna...
Na laia do seu cartel,
Assapou-se na taberna...
E, para dar carta ao vício,
Chamou a ele o Ti Maurício!
Manel é um porreiraço
E nem diz mal da mulher:
Não é pobre nem ricaço
Mas tem sempre pro que quer...
A cada hora dá ao pernil
E bebe mesmo do barril!
Para a mulher entreter
Leva pra ela bifana
Digam lá s´ isto não é saber
Dar a volta à Tia Ana...
E à noite, com estaleca,
Bebem ambos p´ la caneca!
Manel até sabe viver,
Nunca diz mal do ministro:
Pelo menos, até morrer
Goza deste mundo de Cristo...
Manéis há muitos, é certo,
Mas, com´ este, nenhum tão esperto!
Na terra era estimado,
Embora, às vezes, velhaco,
E (porque carga de fado?)
Chamavam-lhe Manel-caneco…
Ninguém lhe queria mal
Era um castiço genial!
Frassino Machado
In ODIRONIAS