Ação entre muy amigos
Três amigos chegaram à funerária para velar o corpo de um deles. Circunspectos, sentidos, se alternavam em preces, lembranças e soluços. Até que um deles, tirando uma nota de cinquenta libras da carteira, colocou-a na algibeira frontal do falecido, assinalando que aquele gesto era propiciatório para o amigo jazer em paz de corpo e alma.
O segundo dos três não se fez de rogado: tirou também suas cinquenta libras, dobrou-a e a meteu no bolso do amigo jacente. Agora era esperar semelhante gesto do terceiro deles, mesmo sabendo que se tratava de um sovina de marca maior.
Esperaram os já donatários, esperaram, e olharam fixamente para o unha-de-fome. Praticamente encurralado, ele, fazendo que ainda tecia uma prece, estendeu-a como pode, em silêncio e, por fim tomou o seu talonário de cheques e falou: estou preenchendo aqui um cheque de duzentos mangos... - enquanto foi enfiando-o na bolsilho do falecido ...-
proclamou: duzentos, que correspondem a cem de minha parte, e a cem da de vocês juntos, cinquenta cada né..., enquanto pego aqui com o defunto, como troco, as duas notas que vocês acabaram de dar...