FÓSFOROS &+
FÓSFOROS DO BRASIL
"Caro Manoel, eu te agradeço o envio
dessa caixa de fósforos brasileiros.
Infelizmente, foram trapaceiros
que tos venderam na viagem pelo Rio...
Passei riscando durante horas a fio:
gastei esses palitos por inteiros,
mas nenhum acendeu, são verdadeiros
furtos do gajo que antes te iludiu!..."
"Porém não pode ser, Maria Joaquina,
cachopa amada do meu coração,
tenho certeza que não houve roubo algum:
Eu fui comprar no armazém da esquina,
é de um patrício, nunca foi ladrão!...
E depois, experimentei todos, um por um!..."
AVISO
Foi um cara da cidade ao interior
e parou num bolicho de campanha;
igual que todo mundo, pediu canha:
puxou conversa com um velho senhor.
"Lá na cidade, dizem que é um horror
esses capangas por aqui, cheios de manha,
fazem tocaia, atacam numa sanha,
matando gente sem o menor temor."
"Não é verdade", disse o companheiro.
"Por estas banda não existe valentão,
semo pacífico, a não ser que arguém revele
malintenção com a gente, forasteiro.
Mas fique descansado, em percisão,
surge um bandido: a gente mata ele!..
SUPER-BEBUM I
O cara sai do bar. Tinha tomado
umas que outras... Na hora de fechar
escorregou três vezes. Pra se levantar
apoiou-se nas mesas, no tablado...
Na rua, cai de novo. Anda agarrado
aos postes e paredes, até chegar
no edifício, que conseguiu lembrar
ser onde ele morava. Com cuidado,
se arrasta, aos poucos, pelo corredor.
Levanta e cai. Acaba desistindo
e mal consegue chamar o elevador.
Apertou os botões, ainda agachado.
Tirou a chave do bolso, conseguindo
entrar em casa, nas portas agarrado.
SUPER-BEBUM II
Ainda tonto, desliza pelo chão,
até chegar ao quarto, onde a mulher
dormia a sono solto. Sem querer
acordá-la, deita vestido no colchão.
No outro dia, é acordado a bofetão
pela mulher furiosa, que não quer
ouvir qualquer desculpa, nem saber
da velha história preparada de antemão.
"Borracho desgraçado! Outra vez
vieste pela rua a te arrastar,
seu porco! Ainda morres com essas modas!"
"Mas como é que soubeste?" "O Juarez
telefonou do bar, pra me avisar:
deixaste lá a tua cadeira de rodas!..."