Chegando perto...
Os primeiros anos da ditadura militar, os chamados "Anos de Chumbo", ficaram marcados não só pela brutal repressão militar a dissidentes do regime como pela paranóia sobre o “perigo do Comunismo”. A leitura que os militares faziam sobre “manifestações ou reuniões não autorizadas” era a seguinte: onde havia uma reunião de estudantes, de trabalhadores ou de políticos da Oposição, havia comunistas e, onde havia comunistas, todo cuidado era pouco.
Então, dizem que chegou ao Comando Militar uma denúncia de que havia um “aparelho” comunista num rincão distante do interior maranhense. Num jipe, fortemente armados, seguiram para o local um tenente, um sargento, um cabo e dois soldados. Um dos soldados dirigia o veículo e o outro, era um antigo morador da região, que conhecia o local onde estaria localizado o “aparelho” comunista e, por isso mesmo, fora escolhido para a missão. Depois de várias horas de viagem, já de noite, no meio de uma estradinha carroçável, ladeada por mata cerrada, o soldado, que era o guia da missão, murmurou bem baixinho para o cabo:
- Cabo, estamos chegando...
O cabo, também baixinho, para o sargento:
- Sargento, estamos chegando...
O sargento, também baixinho, para o tenente:
- Tenente, estamos chegando...
O tenente disse “Ok”, mas estranhou o tom sussurrado da conversa:
- Sargento, por que estamos falando baixinho?
E o sargento, já meio chateado, para o cabo:
- Cabo, por que estamos falando baixinho?
E o cabo, já zangado, para o soldado:
- Soldado, pô, por que estamos falando baixinho?
O soldado sorriu e respondeu:
- Desculpe, cabo, é porque estou rouco...