NO PERIGOSO BAILE DOS DESMASCARADOS

Há algum tempo penso em escrever sobre o curioso fenômeno, dentre tantos, desta triste Pandemia: a polarização, nunca fundamentada pela ciência, de se usar ou não se usar a máscara. Um pequeno grande detalhe.

Obviamente que a recomendo e a uso e ,por força do ofício, às vezes uso mais que uma e claro é que, vira e mexe, às vezes de maneira bem direta, corro o risco de ser debochada como uma pessoa fragilizada.

"Nossa, pra que tudo isso?"

Quer saber? Não nego, não! Sou sim! E como sou fragilizada! E com todo direito desse mundo sem querer conhecer os do outro mundo desmascarado!

Fujo desse vírus fundamentada no total direito à liberdade de respirar tranquila e ao de viver com meus alvéolos desocupados de qualquer inquilino que não seja uma boa fração de oxigênio.

Mas observando o entorno, sob as leigas teorias que ouço e os cenários que vejo, vou aqui tentar traçar um perfil sensitivo, sob minha total responsabilidade de opinião e sensação, algo como um manual perceptivo sobre o comportamento psicológico de alguns traços da personalidade, aliás muito marcantes, dos que negam a utilidade salva-vidas das máscaras de proteção respiratória, num momento tão sério como o nosso.

Vamos lá:

Primeiramente o ser é um grande ser "fashion" , super da moda, atleta surfista na onda do "negacionismo".

Uma tendência tsunâmica a negar absolutamente tudo que tiraria sua prancha da zona de conforto; principalmente a de continuar não tendo que saber nada dessas coisas chatas e invisíveis da ciência que o ameaçam de emperrar na praia.

Se trata dum ser chiquetosamente irrreverente . Não tem pra mais ninguém quando ele argumenta baseado na sua força inquestionável.

O ser tem eloquência imbatível...

Que o mundo todo conheça sua magnitude de pensamento positivo-tipo Thor, lembram? a refutar qualquer realidade que o faça sentir intimidado pelo que ele não enxerga!

Afinal, quem os cientistas pensam que são? Os donos da respiração dele, por acaso?

Se trata portanto, dum blindado ser superior a qualquer orientação vinda dum compêndio científico dum micro ser que demandou por anos de insônia dos olhos esbugalhados sobre a lente dum microscópio de pesquisas em prol da vida.

Aprendam o fundamental: Um ser de mundo "mega MACRO" jamais se curva ao mundinho dum ser "mega MICRO".

Ok, continuemos.

Digo que sempre se trata dum ser tipo descolado, se movimenta como se estivesse numa passarela dos deuses gregos inatingíveis, altivo e livre de si mesmo, super "sarado", com músculos invejavelmente avantajados, tatuagem temática de destemido, saúde impecável aos olhos do planeta, de soberba inalcançável a qualquer boa intenção de preveni-lo de doenças. Doença nele? Ara! Se ele toma vitamina D em altas doses prescritas por ele mesmo...

Você reconhece o ser desmascarado de longe porque nele existe uma comunicação visual tipo...patognomônica: você olha, diagnostica a blindagem respiratória ilusória e não erra uma!

Talvez o vírus realmente se ressinta do jeito de ser desse tipo de ser . Se estiver mascando chicletes então...nem tente explicar sobre o risco porque é perda de tempo.

Poupe sua saúde, aperte as suas máscaras e tome sua gota do calmante que seu médico orientou.

O tal ser certamente dirá que sua liberdade é inalienável a qualquer prisão...muito menos à asfixia provocada por um víruzinho refém duma máscara opressiva. Resitência Já!!!

Se trata, portanto, dum super ser indomável. Tosse e espirra heroicamente na face de todos, como se estivesse espargindo anticorpos...só para provar a assepsia das suas "vias de fato".

E também nem adianta argumentar nessa coisa de ciência! Saibam: jamais pergunte o porquê da sua inconsequente recusa de proteção porque é passar raiva. Você se sentirá um fraco medroso que ninguém ouve.

Caramba, se eu já contei a você, pra que perguntar o que já sabe?!

Senão, meus caros leitores, se perguntarem o óbvio todos vocês ouvirão teorias piores que as de todas as conspirações desse mundo virótico tresloucado.

"Cousas incríveis", nunca dantes faladas... que nunca foram confirmadas sequer pelas evidências dos microscópicos. Muito menos pelas evidências dos políticos. Mas essa parte deixemos pra lá!

Informo que esses seres são tipo néscios pseudo-inteligentes, arrogantes na defesa da liberdade de infecção, orgulhosos de si e têm suas próprias teorias compiladas sobre o nada. Ah, e sempre têm uma super receitinha inventada por eles.

São heróis auto -didatas das roletas russas...todavia, morrem na praia do egoísmo sem perceber: querem que você, em nome da liberdade dele, morra junto...mas sem máscara, que fique claro!!!

Se um desses seres, inadvertidamente mascarados por descuido da lei, bem na sua frente numa sala fechada, lhe fizer a seguinte pergunta- "aqui dentro posso tirar essa coisa chata, né?"-fique calmo!

Conduta: Jamais peça para o ser colocar a máscara sob pena de você perder as suas, não entre em confronto científico, ele não entenderia nunca: Respire fundo, aperte novamente a sua máscara, garanta seu oxigênio sem vírus e mantenha sua sanidade mental, novamente sob pena de sua imunidade despencar e o vírus desistir dele ...mas lançar suas espículas grudentas em você.

Mesmo que você momentaneamente perca o fôlego de perplexidade, peça licença e saia a francesa. Fica chique e seguro.

Ensino:

Com a pandemia eu aprendi que, no baile dos desmascarados, barrada é justamente a orquestra que toca pela vida.

Uma festa sinistra e descompromissada... muitas vezes sem volta para casa.

Coisa que Ciência alguma explica.