O DIA DO CORDEL
“Ao José Félix”
Ontem foi «Dia do Cordel»
O poeta Félix já o sabia,
De poesia, sabe a granel
Como sabem poucos, em Poesia.
Vendo minhas trovas singelas
Comentou serem “de cordel”…
Ai ó José, poeta José,
Tu me querias "enrolar"
Falando-me dum tal cordel...
E agora tu vês como é
Até deste logo em tropeçar
Com um falsete no papel!...
Se eu, porém, fosse oportunista
Da efeméride m´ aproveitaria
Fingindo “cordel” minha poesia,
Daquelas que entesam a crista.
Mas seria estéril atitude
Que, vendo bem, não é virtude.
Não, não gosto de parangonas
E, muito menos, de cordéis
Pois pra eles, ficando nas lonas,
Prefiro os dedos do qu´ os anéis:
Minhas trovas são o que são –
Se são poesia? – Viva a emoção!
O nosso amigo Jorge de Sena
Quando lhe falavam em cordel
Ironizava e logo fazia cena
Com os ditos poetas de cartel:
“A poesia, em toda a jornada
Só pode ser Poesia, mais nada!”
Nada de cordéis ou cordelistas –
Que toda a estética é só uma –
Odeio fazer de fogo-de-vistas,
E, de modas, não quero nenhuma.
Poeta? Dantes quebrar que torcer,
Que a minha poesia é a valer.
Se ontem foi «O Dia do Cordel»
Ainda bem – que o dá que pensar –
Um bom poema é favo de mel
Pra quem possa ler e degustar:
“Ó subalimentados do Ser
A Poesia é para se comer!”
Por falar em cordel, José,
Eu dele não entendo pevide
Mas, como oportuno que é,
Cai bem em tempo de Covide.
Para ti, cá fica a encomenda
E que toda a gente o entenda!
Frassino Machado
(Em 20 de Novembro de 2020)
In ODIRONIAS