A MÁSCARA
Há décadas, ou talvez séculos, que a máscara tem sido usada por médicos, enfermeiras, infectologistas e outros profissionais da área de saúde; mas somente agora, com a “pandemia” (sim, pandemia com aspas mesmo) da corona vírus, descobriu-se que ela é mágica; que ela é capaz de total imunização e de resolver todos os problemas. Igual aos produtos Tabajaras, lembra?
Quando iniciou a loucura pandêmica, fiz, sem dúvida, algumas mudanças nos meus hábitos, como fizeram todas as pessoas no mundo inteiro. Tomei muito chá, remédio como preventivo, e usei máscara para entrar em estabelecimentos e em ônibus.
Porém, há algo que nunca deixei de fazer; e continuei fazendo exatamente como antes: caminhar e correr até a praia (8 km ida e volta). Sem máscara.
O quê?!! Sem a máscara?!! Sem a bendita, a fabulosa e mágica máscara?! Ficou doido?!
Pois é. Devo ter ficado mesmo. E olha que pertenço ao grupo de risco, porque não sou mais tão jovem. Esse “tão” aí é pra confundir um pouco.
Mas vamos ao que interessa, sobre a máscara mágica. Tenho visto pessoas, idosos e jovens – mais jovens do que idosos – fazendo caminhada, correndo, andando de bicicleta, ao ar livre, claro, isolados, não em grupo, usando a máscara tapando boca e nariz. Como conseguem respirar, já que estão em atividade física? Não estão inalando gás carbônico, que fica preso na máscara por alguns segundos, voltando para os pulmões e para a corrente sanguínea?
Veio-me um pensamento: Essas pessoas devem saber de coisas que eu não sei. Descobriram, por exemplo, que a máscara é mágica. Com ela, estão livres de qualquer tipo de doença. Não só do vírus chinês, mas também de gripe, tuberculose, diabetes, hipertensão, ataque cardíaco, AVC, câncer... Andando com a máscara estão imunizados de tudo o que é ruim; não haverá mais problemas com obesidade, cansaço e falta de ar. A máscara lhe protege. Dentro do carro, com os vidros fechados, o motorista, sozinho, está usando a máscara. Pronto. Ele está livre de atropelar alguém, de bater o carro, ou de alguém bater nele. Está protegido. Sua máscara o livra de todo o perigo.
Alguns, conscientes do poder da máscara, usam-na apenas no pescoço, ou presa no queixo. O importante é estar com ela. O seu amuleto mágico.
E nem precisa lavar ou trocar por outra. Já vi algumas, principalmente de tecido branco, amareladas, encardidas, possivelmente tendo sido a única desde que foi anunciada a obrigatoriedade de seu uso.
Ah! A máscara! O povo parece tê-la adotado com muito prazer e não pensa em ficar livre dela. Ela impede que seu mau hálito seja descoberto e que seus dentes não atraentes apareçam; cobre parte do seu rosto e do seu sorriso, criando um ar de mistério.
Proteger-se é bom, é essencial... principalmente quando se tem algo tão poderoso para proporcionar isso – a máscara!