Ferreirinha, Paixões, Canabis e Outras Cositas Mas
Como todo adolescente sertanejo, Ferreirinha fez várias tentativas de encontrar uma companheira pra dar vazão a sua volúpia. A primeira foi uma cabra, mas um bode não gostou e até hoje ele tem dor nas costas por conta da marrada que levou quando tava ajeitando a cabritinha. A segunda foi Tesinha, menina cheia de vontade que fazia a alegria da meninada na rua, mas o pai dela que já andava de olho por conta de comentários, caiu de fragar exatamente quando os dois estavam se realizando no matel. O reio lambeu o lombo dele. A terceira foi uma dama do cabaré Caneco Amassado, Ferreirinha apaixonou-se e não sabia que estava dividindo a amada na cama com um valentão que achava ser ela exclusividade dele, sendo que outra dama com interesse no valentão, resolveu cuidar pra que eles fossem pegos no ato e até hoje ninguém sabe como Ferreirinha conseguiu pular a meia parede do quarto. O fato é que ele não conseguiu ser mais rápido que a espingarda de pressão do valentão. Ainda hoje tem um chubim alojada na sua bunda.
Iniciou um namoro com uma bela prima chamada Marluce, mas no carnaval ao chegar na casa dela, está disse estar com dor de cabeça e ia dormir, Marlene irmã dela, estava indo com as amigas Gerarda e Antônia pra festa da Associação Recreativa Tabuleirence. Perguntou se ele queria ir. Ferreirinha que na época era um liso, diz que vai deixar elas na festa, depois vai pra casa dormir. Ficaram conversando em frente da A.R.T. até que Marlene resolveu entrar. As amigas não entraram, pois não apareceu um besta que pagasse a entrada, convidaram Ferreirinha pra ir ao circo, dizendo que àquela hora já devia ter sido liberada a bilheteria. Seguiram pro local e no meio do caminho a rua ficou estreita, Antônia começa a apertar de um lado, Gerarda do outro, quando chegarem ao circo ele já estava abraçado com as duas. Ao entrarem, Gerarda diz; Ferreirinha não olhe, mas a Marluce está ali na arquibancada acompanhada de um soldado. O que os olhos não vêem o coração não sente, Ferreirinha resolveu sentir e saiu do circo pensando que podia muito bem arranjar um trabalho lá como palhaço. Foi seguido pelas amigas, estas solidárias com ele, começaram com aquela ladainha de que ele não merecia aquilo, que Marluce merecia que ele desse o troco. Ferreirinha que podia se fazer de besta, mas estava longe de ser abestado, apesar da dor na testa aproveitou a situação e começou a beijar Gerarda, Antônia agarrou ele e entrou no rôlo, começou um puxa, puxa, uma mão naquilo e outra naquilo acolá na calçada da fábrica de doces Flor do Vale, até que Marlene vem voltando toda desconjuntada da A.R.T, quando vê o balaio de gato, fala colocando as mãos nos quartos; Ferreirinha muito bonito pra sua cara. Ele responde; Bonito mesmo é o chifre que tua irmã me botou. Gerarda e Antônia arrumam a roupa, Ferreirinha se despede e elas seguem com Marlene. As três conversam e ao longe ele ainda escuta umas risadas.
Ferreirinha resolveu no mesmo dia ir embora de Tabuleiro, pois era uma cidade muito pequena pro tamanho do chifre que levou.
Agora se vocês imaginaram que ele viria chorar sua dor de cotovelo no meu ombro, acertaram. Deu de cair de paraquedas fechado na casa de Dona Gercina, minha mãe cujo único pecado que cometeu nessa vida foi ter um filho capaz de ter um amigo como Ferreirinha.
Chegou bem na hora que eu me aprontava pra ir ao polo de lazer do Conjunto Ceará. A prefeitura de Fortaleza tinha uma programação carnavalesca no local e agora eu não tinha outra coisa a fazer a não ser levar o Ferreirinha pra ver se ele esquecia um pouco que era corno.
Chegamos e já estava um chafurdo medonho, Ferreirinha estava mais pra Moreira da Silva do que pra Morais Moreira e pede pra sair dali.
Desci a Avenida Central e levei ele direto pro bar do Zequinha, lugar certo pra quem está com empatia da dor da dor do corno e pro próprio corno. Pedi um burim de cachaça e uma cerveja pra tiragosto. Tocava "Eu Não Sou Cachorro Não" Ferreirinha quase vai as lágrimas. De repente aparece minha amiga Ninive, que sem apresentação ou cerimônia, senta-se na nossa mesa e grita; Oh Zequinha, tira a porra dessa musica de corno!!! Com essa Ferreirinha desperta e quase dá uma chifrada na Ninive, ela reage, e como era mais macho do que eu e Ferreirinha juntos, procurei apaziguar, conversei com ela e expliquei a situação, ela pede desculpas ao Ferreirinha e lhe oferece o cigarro da paz. Saíram pra fumar lá fora, pois Zequinha aceitava cornos no seu estabelecimento, mas não maconheiros. Lembrei quando a gente teve na escola uma palestra com um policial civil, alertando os alunos a respeito dos malefícios das drogas, o mesmo havia trazido umas amostras de canabis pra que os alunos pudessem conhecer e identificar, enquanto alguns pegavam pra sentir a textura e o cheiro, Ferreirinha pegou um pedaço de papel do caderno e fez um baseado, ninguém até hoje sabe como ele conseguiu pegar o isqueiro do policial. Só perceberem o que ele fez depois que ele deu a primeira boforada e soltou; Que barato bicho!!! Não foi expulso, porque era afilhado de Dona Maria Digna, diretora do Avelino Magalhães.
Ninive volta, perguntei pelo Ferreirinha. Ela diz que ele subiu a Central no rumo do Polo. Paguei a conta e sai a procura dele. Quando começava a me preocupar, encontrei ele pulando carnaval com a trilha sonora de Gal Costa com seu Balancê. Estava abraçado com uma travesti loura e gritou pra mim que tinha encontrado o homem da vida dele. Pedi pra ele deixar de putaria e irmos pra casa. No que ele responde; Putaria é esse fresco dar e dizer que dói...