Paris vale bem um rendez-vous...
Para fugir dos roteiros convencionais, que não por acaso, ou mesmo ocaso, se for o caso...em Paris abundam, Eliete e Elizete, mãe e filha, decidiram por um encontro no centralíssimo e charmosíssimo cemitério Père Lachaise, ao cabo de seus tours individuais.
Tudo convidava: o clima bastante fresco e estável, nublado, e mais que tudo, o inusitado do passeio. Teriam histórias e mais histórias para contar,
da forma mais lapidar.
Assim que Eliete chegou ao portão de acesso, coisa de uma hora antes do aprazado com a filha, estava caindo uma neve até bem leve que só acrescentaria romantismo à sua volta. Contudo, o zeloso porteiro, talvez numa antecipação do que Pedro certamente não lhe há de fazer no futuro, barrou-lhe a entrada, pretexando provável inevitabilidade de uma queda em sendeiro mais escorregadio.
Eliete achou correto e oportuno o arrazoado do simpático e prudente guardião de vivos e defuntos. Não fosse o seu dever de ofício, tê-lo-ia convidado a tomar un verre num aconchegante bistrot da proximidade.
E atrás do vinho, à busca da verdade, Eliete se foi, in vino veritas. E um eventual desencontro com a filha, se ressarciria plenamente em torno de uma fondue, que já estava combinada, em local e horário.
Elizete atrasou-se um tantinho para o encontro. Afinal o garçom que lhe servira o croissant com o chocolat chaud era um doce de pessoa...
Ao chegar ao portão, o gentil guardião repetiu-lhe as preocupações de um possível escorregão, com menos ênfase do que o fizera uma hora antes, mas se rendeu, sem resistência, à argumentação da donzela:
- Mon cher monsieur, j´ai un rendez-vous avec ma mère chérie...!