FARPAS & FADOS
“À laia de Bukowsky” (*)
Farpas, fados e mais farpas,
Tal na vida eu nunca vi,
Foge cão a quatro patas
Que ainda sobra para ti!
Farpas, fados, regabofes,
É o que se vê em cada rua,
Foge gato a quatro bofes
Pois a culpa é toda tua.
Farpas, fados e maneiras,
Cada isca seu paladar,
Foge rato das ratoeiras
Se não queres lá ficar.
Farpas, fados, maravilha,
Cada potro o seu maneio,
Foge touro da bandarilha
Que o negócio anda feio.
Farpas, fados e tormento,
Cada ala um deputado,
Foge, Zé, do Parlamento
Pois tu já estás depenado.
Farpas, raios e coriscos,
Venham fados de feição,
Com lagostas e mariscos
Quem o paga é o cidadão.
Farpas, fados e cerveja,
Pataniscas a dar com um pau,
Cada um tem o que deseja
Que o Sistema não é mau!
Farpas, fados, brincadeira,
Proxeneta, prostituta,
Bairro Alto, bebedeira
Com bom Fado há sempre fruta.
Farpas, fados e fadistas,
Capas negras, violões,
Marialvas e bairristas
Cantem fados e canções.
Farpas, fados, pois então,
Venham lá as guitarradas,
Haja copos de mão em mão
Pra dar luz às madrugadas.
Farpas, fados, ó bom poeta
Dá cá lume ao meu cigarro,
Minha vida é mais completa
Com licor sabendo a barro.
Farpas, fados e mulheres
Em tabernas de eleição,
Malmequeres, bem me queres
Para toda a inspiração.
Farpas, fados na avenida,
Caia chuva, venha gente,
Cantar fado é boa vida
Dá saúde à alma ardente.
Farpas & fados, limitada,
Futebol é grã cultura,
Haja Fátima ilustrada
Com milagres à mistura.
Farpas, fados, só mais cinco
Numa vida em corrupio,
Corra o branco, corra o tinto
Ninguém falte ao desafio!
Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS
(*) – Em noite de fados e pandemia