1/6 de auxílio emergencial
Fui a padaria uns minutos atrás, minha missão era comprar oito pães bola - o que dá uns três reais. Na carteira haviam algumas cédulas, uma de cinquenta, outra de vinte e uma de dois reais; peguei a de menor valor, para não dar trabalho à caixa, e fui pegar outra nota de dois na bolsa do meu amor.
Peguei a nota, lá jogada de qualquer jeito, meti as duas no bolso e saí, com a minha "mascrinha", lógico.
Fui pela rua de trás, por cima era uma avenida, caminho mais longo. No percurso da minha casa até a padaria foi uma desventura, problemas de infraestrutura... A cena que vi foi a seguinte: um restaurante aberto, umas quinze pessoas lá, todos sem máscara e desrespeito todas as regras de distanciamento existentes; do outro lado, um bêbado, o qual as pessoas no restaurante olhavam com desprezo, só ele estava com máscara. Mesmo bêbado, tinha muita mais consciência que os "civilizados" do outro lado.
Cheguei na padaria, pedi os benditos pães, tive que repetir umas 10 vezes o que eu queria, maldita timidez. A moça do balcão teve que colocar duas etiquetas, uma sinalizando que o valor dos pães eram dois reais, pois ela confundiu, do outro lado o preço correto: 3,08. Se fosse um malandro saía de lá economizando um real, mas não fiz isso.
Na fila do caixa foi que aconteceu o fato terrível. Fui entregar o dinheiro para a mulher e veja a tragédia, invés de ter sido duas notas de dois reais, na realidade, foi uma de dois e outra de cem! Levei um susto na hora, se viessem me perguntar algo jurariam que eu era gago, tamanho o nervosismo.
A mulher ainda fez questão de me dar sermão na frente de todo o mundo, teve que cavar o caixa para encontrar troco, sacou quase tudo que estava lá, sobrou umas moedas. Até me ofereci para voltar e casa e trazer o dinheiro correto, mas ela insistiu, eu estava parecendo tomate.
Sai de lá com o bolso cheio de dinheiro trocado, dei a nota de dois que sobrou para um homem que pedia na porta da padaria - esse já é conhecido, contratou o filho, criança, para pedir comida a quem acabasse de sair da padaria.
Quando cheguei em casa expliquei o ocorrido, ora, nem a proprietária da bolsa sabia que eram cem reais, também pensou que fosse dois e deixou jogado lá.
Nessa brincadeira, quase um sexto de auxílio emergencial seria perdido assim: à toa.