O PERIQUITO DE ROSINHA
Na fila da lotérica, dois amigos conversavam informalmente sobre seus animais de estimação, quando entrou na fila uma senhora muito conhecida na cidade por defender princípios morais e costumes mais tradicionais. Os homens continuavam na conversa e um deles dizia:
- Ontem Rosinha soltou o periquito.
- Fez isso por birra, né? Indagou o outro.
- Não. Acho que de gosto mesmo.
A senhora que havia chegado no meio da conversa e dentro de seu puritanismo, ia se avermelhando de vergonha.
- Mas ela deu pra alguém? Continuou perguntando um dos homens.
- Não sei. Acho que deu para o primeiro que encontrou. Sei apenas que a gaiola não estava da forma que deixei.
A mulher se mostrava indignada com as pessoas presentes no recinto, pois estas não demostravam nenhuma reação de repudio àquela conversa, que pra ela, era imoral. Enquanto isso a conversa entre os dois homens prosseguia.
- Acho que fez isso por eu não estar cuidando direito do bicho dela.
- Ah! Sendo assim, ela tinha motivos para sair oferecendo seu periquito, respondeu o amigo colocando mais lenha na fogueira e dando risadas.
As pessoas presentes na lotérica pareciam se divertir com a situação, percebendo o constrangimento da senhora no final da fila. Ela olhava para os lados, mudava de posição, sentia-se sozinha naquela situação e nenhuma ajuda para si, apareceu.
A senhora não se aguentando mais de tanta vergonha do que estava ouvindo, resolveu intervir na conversa, procurando amenizar o clima, e tentando desviar o sentindo da conversa, indagou em voz alta:
- Era periquito australiano? Perguntou ela do final da fila.
Entendendo o sentido da pergunta, um dos homens respondeu taxativo:
- Não. Brasileiro mesmo!