NAO SOU ÔNIBUS MAS TENHO PONTO

Izaías Veríssimo (Záias CastroVéris) - 24/10/2018

Um dia de supetão tive uma surpresa num bar

Chegou um “velho conhecido” e logo me disse:

Não agüento mais, desculpa vou lhe perguntar

Por que é que você sempre “marca ponto” aqui?

Sei lá, nunca achei muita graça neste lugar

E eu respondi sem pestanejar:

Se aquiete, sente-se que já vou lhe explicar

Gosto de simplicidade, lugar pacato, onde sinto paz

Aqui eu sento, noite ou dia fico olhando pro tempo

Saboreio tira-gosto e cerveja gelada

Compro fiado, e o preço é bom, a contento

Sem contar que quem atende é muito camarada

Bato um papo sadio com a rapaziada

E vez ou outra pinta um que sabe pinicar viola

Aí todo mundo embola e cantarola “umas moda”

Tem sombra fresca, tem vista privilegiada

É numa rua pacata, mas não abandonada

Passa carro, passa motoca, bicicleta e carroça

Sem contar o colírio “pros zói” que é a mulherada

Fui tão enfático em responder que o deixei pasmado

Quando finalizei, ele pegou o copo e virou no gargalo

Parou um pouco, pensou, e falou a mim obrigado

Ouvi tudo que disse só ainda não digeri, falamos depois,vou ali

Respondi, vá lá, reflita um pouco mais e vai me entender

Findei meu expediente, e “mais leve” fui embora como sempre

No outro dia vem eu novamente

De longe percebo que no meu cantinho já tinha gente

Quando chego avisto ele sentado tomando cerveja

E um copo vazio do lado na mesa já reservado

Me disse: desculpe a ousadia esse copo é pra você

A partir de hoje também tenho ponto

Vou fazer parte desse grupo seleto

Os freqüentadores de “buteco”

Záias Castro
Enviado por Záias Castro em 29/05/2020
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