A culpa é do Tatu
O Antônio Eustáquio, que nem a própria mãe trata por esse devoto e sonoro prenome composto, preferindo, como todos os que o cercam o bem mais compacto e afetuoso apodo de Nego, é cidadão muito estimado de prosa cativante e duma espirituosidade que não se cativa, de tão fluida, e viva. Isso sem falar nas suas atividades profissionais de professor e advogado, além da habilidade de consertar coisas intrincadas.
Dia desses, revelou-me um pouco de sua formação que, aliás começou mal. Logo nos primeiros dias de aula, estimulado por colegas do barulho, foi instado a mexer com um grandalhão quieto de quem se dizia a boca mínima que tinha o apelido de Enforcado. E tão logo o seu grito infantil da boca lhe saiu, foi o zovido que zuniu. Calou-se, e não reincidiu. A lição cara saiu.
Doutra feita, aprendiz de relojoeiro, do tempo dos Lancos e Mondaines, ao cliente Onofre Máximo de Rezende, dito Onofre Tatu, líder comunitário influente, e lenocinista de truz, pareceu bastante destro e experto, a ponto de receber dele o seguinte conselho:
- Ô minino, dexa de olhar pra baxo, você tem futuro é olhando para cima, sempre.
Fiel a essa máxima do Máximo, o Nego subiu na vida. Mas a cada trupicão, da lembrança do conselho onofrino sai cada palavrão que aqui não digo não, senão que com o Tatu, faz rima de montão...