O DISCURSO DAS MÁSCARAS
“O baile da hipocrisia”
Há máscaras, não há máscaras, haverá máscaras?
É obrigatório, não é obrigatório ou… depende?
Adianta alguma coisa o transitar com elas?
Nem aquece nem arrefece… e ninguém se entende!
A versão oficial? Ora sim, ora não, à vez.
Compradas, oferecidas, disponibilizadas;
E, então, versões avulso, ou assim e assim, talvez
Que ricas negociatas, que ricas mascaradas…
- Temos máscaras à venda, podem experimentar:
Há-as brancas e pretas, às riscas ou às pintas;
Aquelas estão fora-de-moda, estas ficam a matar;
Estas, aqui, são caras, mas muito mais distintas…
- Há-as, por aí de borla, mas não são de confiança:
As que vêm da China não valem um pataco furado,
As que são feitas em casa não oferecem segurança,
Mas o Mercado, oh sim, há mercado assegurado!
- Há máscaras nos transportes, espaços convencionais,
E quem as não tiver… há-de ficar apeado,
Ou então, que s´ entenda co´ as multas dos fiscais…
Será que haverá fiscais ou apenas discurso-fiado?
- Andar a pé, isso não, todo o vírus é um horror
Com tanta poluição e tanta perdigotada…
Já ninguém sabe onde é qu´ a gente se há-de pôr:
Máscaras, ou não-máscaras, a mesma coisa que nada!
- Ó senhor guarda, não há por aí umas “aparas”?
- Olhe, ali ao fundo da rua, são ao preço da chuva…
- Pois é, mas quando eu lá chegar já são mais caras,
Fico co´ as que já usei… Servem que nem uma luva!
E a propósito de luva, avancemos com o ócio…
Todo e qualquer discurso, vem sempre a calhar:
A política, a economia, a ideologia e o negócio
Têm sempre espaço… a saúde, essa, pode esperar.
Já lá dizia o outro, isto é o baile da hipocrisia,
Pois ninguém sabe de nada, mas todos sabem de tudo;
Parece que estamos em tempos da grande Folia,
Quando tudo vai de-vento-em-popa… vem logo o entrudo!
- Ai, máscaras do cais-do-choné,
Co´ esta confusão e banzé
Antes viessem todas da China:
“Lá em cima está o tiro-liro-liro,
Cá em baixo está o tiro-liro-ló,
Juntaram-se os dois à esquina
A tocar a concertina
E a dançar o sol e dó!”
Frassino Machado
In ODIRONIAS