Desacapto ao mentecapto...?
O pirralho de seus 14 anos havia conseguido aquele empregaço: boy de um escritório de advocacia. Ia poder ajudar a mãe, a irmandade toda e ainda retomar os estudos, à noite, para ser alguém de melhor sorte que o pai, cachaceiro e sumido no imundo...
E justamente no seu primeiro dia de trabalho, experimentando andar de elevador, hora de pegar a marmitinha que a mãe lhe preparara, o veículo apinhanho de moças cheirosas e de senhores graves e engravatados, eis que dá-lhe uma dorzinha incontrolável no estômago, quiçá de ansiedade e o flato, sonoro, estridente, é inevitável...
Ato contínuo, irrompe atrás do garoto aquela tonitruante voz de uma autoridade constituída e segura de suas prerrogativas arianas institucionais:
- Seu moleque vagabundo, como tem a petulância de peidar na frente de minha esposa?
Ao que, trêmulo e pálido, mas seguro do empoderamento que a Princesa
Isabel, duma canetada, havia concedido aos seus antepassados, o jovem responde:
- Desculpa meu senhor, como é que eu ia saber que a vez era dela...?