À CONSTELAÇÃO PANDÊMICA!

E os filósofos souberam o de sempre:

"só sei que nada sabemos!"

Eu sempre achei ser impossível se tirar humor da tragédia, mas parece que não é não. Deve ser por isso que o Humor nos salva!

Essa pandemia que AINDA corre, a exemplo, por aqui conseguiu sobrepor ao cenário triste uma certa dose de humor sarcástico.

Tipo...construiu um novo firmamento estelar num planeta detonado.

Eu vou explicar meu sentimento.

Antes deixo uma pergunta solta cuja resposta eu espero que me console lá no final do texto: será que é só aqui?

Deixa eu descrever o todo depois cada um que responda a si mesmo.

Então vamos lá.

O Ser Humano, esse ser que até hoje dizem derivar do Homo Sapiens, é um ser sociável, do que se deduz que não é fácil para ninguém se manter algo ainda sábio em isolamento social, coisa difícil mesmo, vai contra nossa natureza, estejamos nós em "Lockdown" completo ou parcial.

Ara, mas perante um novo e desconhecido vírus que certamente nos transforma em "vivos-mortos" nada mais natural que a gente tope qualquer negócio contra ele, nem que seja o sacrifício, meio paradoxal a princípio, de se tornar um morto-vivo pelas sacadas do mundo.

Tudo na vida é custo/benefício e os entendidos de MACRO e micro-economia rapidamente trataram de ensinar a tal relação ao povo e aos governos, relação sempre bem custosa quando o dinheiro é do povo, aliás.

O que me chamou a atenção foi o número de novas estrelas EM TODOS OS TÓPICOS nesse firmamento Pandêmico que o novo coronavírus promoveu. Notaram?

Primeiramente as considerações técnicas: Flutuamos desde recomendações de que era só para os doentes usarem máscaras, ainda que houvesse portador são do vírus ; depois mudaram a ordem: era para se usar só máscaras cientificamente certificadas, cuja ordem logo passou para todo mundo usar as máscaras que quisessem usar, podiam ser bem alegres,até fashions máscaras ,confeccionadas ao gosto de cada cliente, desde o mais discreto até o mais excêntrico.

Agora a máscara é lei!

Caramba! Aí o vírus se perdeu no novo cenário do pedaço !

Parecia desfile de moda mascarada, difícil de se replicar nessa situação, principalmente com nacionalidade indefinida.

Por ali nem se podia cogitar a origem do ser inimigo invisível, a despeito das tantas teorias conspiratórias.

Assim...

As domésticas máquinas de costura ressuscitaram!

Todo mundo virou estilista de máscaras. Coisa de arrepiar e sobreviver, na saúde e no bolso!

Foi um festival de máscaras "hand-made", nos últimos e mais arrojados designs de padronização em tecidos; se via padrões de todos os bichinhos possíveis, só não se via máscaras padrão morceguinhos. Por que será?

Vai que...

De resto, foi um show de aparição nas redes sociais.

Cada um inventando sua máscara mais inédita, com cara e bocas a superar o último design do vizinho de sacada!

O mundo todo se sentindo um chique herói da pandemia ao mínimo despertar duma nova máscara.

Álcool em gel? Era promessa de vida!

Meu Deus, foi uma correria! Teve quem esvaziou as prateleiras na primeira semana correndo o triste risco social de se sobreviver sozinho com o tal vírus nesse mundo surreal! E ainda sem papel higiênico! Seria algo realmente insuportável.

As opiniões da ciência, então, dividiram as ideologias intelectualizadas do povão do mundo...afora o doutorado dos entendidos jornalistas!

Ninguém fazia nem futrica e nem achismo, era tudo dentro das evidências científicas mais fresquinhas e mirabolantes!

As multimídias bombando novas ideias.

Assim todos, numa pandemia absoluta do saber, viraram doutos cientistas em teses super especializadas em tudo, até na de como se melhor pregar o elástico na nova máscara para não desmanchar a "chapinha", ou como se retirar a máscara com cuidado sem risco de manchar o batom.

Essa parte eu achei muito difícil, acho que era mais apropriada para os doutores mais doutos na matéria.

Todavia, notei que o povo gosta mesmo é de ser perito em remédios, deve sempre mais divertido. Aí a coisa pegou.

Daria para se saber tudo, até o genoma da tal criatura opinativa, só observando o que ela aprovava, prescrevia ou proscrevia, sem se esquecer de olhar o "zoo" tema do tecido escolhido na sua máscara fashion, para a gente fazer um diagnóstico psicológico e ideológico mais preciso do MOMENTO!

A pergunta que correu do Oiapoque ao Chuí: Toma o remédio ou não toma o remédio? Qual remédio?

-Aquele que o doutor tomou!

E Todo mundo descobriu! O paciente era o tal douto doutor prescrevendo para ele mesmo. Então...não havia mais dúvida, devia é de ser também bão pro povão, ora se não!

Ninguém sabia dizer ao certo, nem o tal doutor, nem dizer dos remédios e muito menos sobre aquele vírus sem remédio, mas toda a torcida opinava com a sabedoria irrefutável do Google.

Por via das dúvidas...melhor é ficar vivo, concordo.

Acreditem! Todos sabiam até discursar sobre o intervalo QT dos eletrocardiogramas com risco de morte. Coisa bonita de se ver...os cuidados da sabedoria e da empatia para com os corações da pandemia.

Teve repórter-eu vi!- que até questionou a INDICAÇÃO da transferência do paciente para um hospital de campanha. Coisa douta de se ver...

Afora que nunca vi tantos heróis e tanta homenagem na minha vida pandêmica!

Todos viraram pan-heróis da pandemia!

Desde todos os gestores, o legislativo, o judiciário, os cientistas, os banqueiros, artistas, jornalistas, politiqueiros e seus assessores, secretários e secretárias, os apolíticos, éticos, aéticos, teólogos, agnósticos, intelectuais( os lembrados e os já esquecidos), doutores, entrevistadores , os doutos não doutores, trabalhadores, aproveitadores, ministros, alunos, professores;enfim, tudo por causa dum vírus bem democrático que deu a chance de heroísmo estelar a todos, sem exceção... até ao delegado que, numa ação implacável de "face-shield", cuidou do furto das máscaras importadas ocorrido lá no aeroporto.

Esse heroísmo foi mais merecido pelo ineditismo do causo.

Ops, só aos idosos a chance heroica lhes foi negada.

Pareciam atrapalhar a Pandemia!Que coisa...

Esse foram poupados de sossego até o fim do que parecia estar distante... sabe-se lá quando! Só que não!

Mas , de fato, foi uma pegação institucionalizada no pé do idoso, dito o ser mais fraco, mas só para protegê-lo da morte na maioria das suas vidas nunca protegidas em vida!

Curiosa a força duma pandemia, coisa de loco!Muda tudo como num passe de mágica!

Faz quarentena ou não faz quarentena? Nem vou entrar nesse mérito.Já cansei de entrar e sair dela.

Conto boquiaberta que os Justos mandaram soltar os presos para não os aglutinar e prenderam os soltos "desaglutinados".

Sobre as bondades...

A bondade então, vixi...era tanta que fazia a gente se sentir o bondoso mais maldoso do mundo pandêmico!

O novo vírus fez milagre nunca dantes visto na história da Humanidade: até Banco e clube de futebol fizeram doações aos doentes, dizem, e eu acreditei!

Senti que todas as demais possíveis ondas bondosas ocultas perderam força diante dessa bondade hecatômbica!

E as LIVES anti-solidão, então? Alguém viu alguma?

Quem aguentaria ver mais aquilo tudo tão ao vivo?

Mas..." aguenta aí porque tudo vai dar certo", prometiam.

Algumas até deram mesmo, mas ganhava a concorrência amadora da mídia quem conseguisse fazer a estripulia mais esquisita e sem graça no espaço mais apertado da quarentena da pandemia.

E o povo tentando...continuar sendo.

Valia qualquer negócio, contanto que fosse algo bem ineditamente esdrúxulo.

Dentre as cansativas Lives e podcasts catástróficos dos especialistas em epidemiologia o mundo soltou a voz e os instrumentos musicais nas sacadas.Foi para desestressar.

Bacana de se ver...essa foi a parte realmente encantadora.

Mas os estelares da culinária...

Aí foi demais . Nenhuma solidão aguentaria aquilo...e nenhum fogão também não; muito menos um nobre estômago mais consciente da hora gastronômica pandêmica

Teve um gastrônomo na tela que resolveu ensinar,mas com diploma tipo " Honoris Causa " e NO HORÁRIO SUPER NOBRE DA TV, o inatingível desafio de se passar um café num filtro de papel(ensinou com precisão que era preciso moer os grãos antes do feito) e fazer ovo mexido...mas sem se mexer. Foi supimpa aquilo!

Mas claro, tudo com técnica e glamour pandêmicos.

Eu até rezei para os louros, culinaristas famosos, voltarem logo.

Quem diria...aprendi: Na pandemia tudo é possível.

Foi quando um âncora, desesperado com as performances, cortou a sapiência gourmet inédita."-chama o comercial PELO AMOR!", gritou ele.

Depois que um super chique aprendeu a fazer sua cama e a esfregar o chão, quando tudo parecia pandemicamente controlado, um gestor da quarentena prorrogou a sentença de isolamento que logo foi revogada pelo assessor dele. JÁ na hora seguinte.

Ninguém entendeu nada. Parecia milagre holístico pandêmico.

Chamou o economista, aquele do começo do meu texto, que aos "noves fora da falência pandêmica" prontamente deu aula de como se comportar "quarentenicamente" fora da quarentena.

Aquilo não era para amadores não...

E tudo voltou a ser como era dantes.

Pergunto de novo: é só isso, é só aqui, ou há mais algum lugar onde o novo Coronavírus perdeu sua identidade depois de se assustar com tantas estrelas num firmamento tão caótico?

Não que eu seja fã dele, longe disso, mas...ô víruzinho que trouxe um iluminismo de sabedoria súbita e democrática em TODAS as áreas do conhecimento e da criatividade da arte nada artística ao quase fim desse mundo protagonizado por ele!

Se tenho algo mais a pontuar?

Assistam os próximos capítulos estelares antes que, além do Planeta Terra, também o céu entre em "blackout" por tantas estrelas cadentes.

Por ora, só vou rezar para que tudo dê certo mesmo.