NÃO SABE DA MISSA UM TERÇO...

 

 

Seu Zé Velho é um desses cidadãos muito simples, trabalhador por excelência, que de vez em quando vai lá no seu recanto costumeiro, conhecido pelo nome de o Bar da Esquina Solitária, tomar um trago matinal de cachaça, que é essa bebida feita a partir da fermentação da cana de açúcar, soberbamente consumida entre os brasileiros em geral.

 

Naquele espaço amistoso de sempre ele e seus colegas de copo marcam presença diuturnamente e ali eles falam de futebol, de política, de religião e até da vida alheia.

 

Numa dessas suas passagens por lá, em meio a uma dessas rodas de amigos, ele começou a contar alguns causos, envolvendo um seu antigo colega de infância.  Disse que seu colega estava se dando bem na função de “homem do povo” e antes que terminasse de falar, um de seus amigos de mesa de bar, disse em voz meio sussurrada:

 

- Esse cidadão de quem o senhor está falando é um picareta de marca maior!

 

Seu Zé Velho ficou horrorizado com o que escutou, pois ele não estava aceitando que seu antigo colega de infância, de uma hora para outra, tivesse se transformado em um instrumento de trabalho braçal que consiste em uma peça de ferro com duas pontas aguçadas, que se prende a um cabo, geralmente de madeira, e serve para escavar a terra, arrancar pedras etc., e meio chateado retrucou:

 

- Isso é um verdadeiro absurdo. O que eu sei e que outras pessoas também sabem, é que ele é uma desses cidadãos que se juntam a outros do seu meio social para trabalhar pelas comunidades das periferias e que por causa disso sempre está prometendo ajudar as pessoas mais pobres.

 

Enquanto ele fazia a aparente defesa de seu colega de infância, revestida de aquele ar de felicidade e emoção, outro amigo de copo que estava bebendo noutra mesa ao lado, falou baixinho com seus botões:

 

Coitado do Seu Zé Velho! Não sabe da missa um terço... e riu de forma bem discreta.