Delegacia: Um caso de UÍSQUE A GOGÓ

O Escrivão perguntou ao agente Arnaldo:

- Mas quem é esse sujeito aí fora chorando e gritando um nome de mulher: “Lurdinha, Lurdinha!”?

- Peguei ele querendo pular de uma ponte, agora há pouco, já eram quase 23h00. Faz meia hora que eu o trouxe para cá. Tem que fazer a ocorrência e deixar ele em casa. – Responde Arnaldo, o agente de polícia novato daquela delegacia.

O Escrivão, já experiente, falou:

- O delegado já avisou que nesses casos de briga de casal em que o marido termina bêbado, basta devolver ele para casa e instruir a esposa para ela procurar aconselhamento de casal. Aí, você pega e me traz o sujeito ainda bêbado essa hora da noite? Pode isso, Arnaldo?

- Mas, Dimas, ele me disse que não se jogaria da ponte se por acaso alguém convencesse a mulher de que deveria aceitá-lo de volta. Explicou que ela tinha avisado que quando ele passasse pela porta não deveria mais pôr os pés lá. É somente um telefonema e pronto. Eu entrego ele lá na casa dele e essa coisa de suicídio na ponte se acaba.

- Está bem! Ele tem um número de telefone, pelo menos?

- Tem, mas é celular. É esse aqui, ó.

A contragosto, o Escrivão autoriza a chamada e manda que o Arnaldo deixe no “viva-voz”. E completou as instruções:

- Já que você é quem escutou a choradeira dele e sabe detalhes, inclusive os nomes de ambos, resolve aí... e eu fico somente na escuta.

Arnaldo pegou o telefone e ambos escutaram “chamando” do outro lado da linha. Uma voz feminina é ouvida – “alô” – e o agente começa:

- Boa noite, Dona Lourdes! Aqui é da delegacia. É só para avisar que o Bertoldo está aqui e quer voltar. Eu só não o levei diretamente até a senhora porque ele disse que a senhora tinha avisado que quando ele passasse pela porta não deveria mais pôr os pés aí. Quando eu vinha trazendo ele para a delegacia... ele pediu para eu falar à senhora que ele não toca mais no uísque, se deixar ele voltar. Está aqui na parte da frente, o tempo todo gritando: “Lurdinha, Lurdinha!”

A mulher estava agitada ao telefone:

- Esse vagabundo! Deixa ele aí preso!

- Mas, minha senhora, ele quase pulava da ponte. Queria se matar!

- Esse vagabundo? E por que não deixou? Agora aproveita e deixa ele aí preso!

- Como é que a senhora, sendo esposa dele, diz isso? Ele prometeu até não tocar mais no uísque.

- Esposa? Eu? O uísque que ele estava bebendo e me dando prejuízo era do bar do shopping onde eu sou a dona e acabo de demitir esse sujeito por justa causa, pois perdi vários clientes! Pela porta da minha empresa ele não passa mais!