Sussuros audíveis, silêncios ecoantes, olhares intimidadores

Ah como é sutil os olhares, os silêncios e os sussurros!

Tem-se uma falsa percepção de que o intuito é o disfarce. Mas , há aí uma intencionalidade apesar da performance de segredo. É um falso dizer interior ao próprio pensamento de que a ação é desprovida de visibilidade e apreensão. Ou , até mesmo, que o outro tem um ponto cego ou mesmo uma cegueira abobalhada. Mas ressoa neste outro de tal forma, que não se sabe mais quem é que faz o tolo. Será daí que se constrói o parâmetro das entrelinhas? Creio que não! Pois os poetas querem dizer; seu disfarce é criptografia endereçada aos apreciadores da linguagem. Mas, então, que sutileza é esta que engana ao próprio agente, que dela faz uso? Me parece que tem alguma relação com a natureza cínica, que, também, no fundo quer, mas nega a si mesmo o querer, e este lhe escapa sob essa forma encoberta, mal vestida, de contorno acusador. Ainda assim, se faze sutil, perpassa o silêncio e emite sussuro. Em uma tentativa de elucidação, Não de toda certa, pelo contrário, sendo apenas mera elucubração, a ideia seja de que tais mensagens e palavras, assim, meio veladas, são gritos proferidos pelos intimidados , os tomados por covardia, que precisam dizer, mas se esquivam por envergonharem-se de si mesmos dos arrependimentos, adiantamentos e confusões, até então , emitidas por palavras que exprimiam um fantasiar tão enganador, que, pensavam eles, dizerem a verdade, nada mais! tinham em mente esse saber vívido que atormenta os homens de boa fé quando ainda não desmascarados em seu íntimo.

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 29/01/2020
Reeditado em 29/01/2020
Código do texto: T6853070
Classificação de conteúdo: seguro