A SEDE
Bernardino agente de endemias da antiga SUCAM, funcionário dedicado, daqueles que dizia sempre" missão dada, missão cumprida" . Sempre trabalhava nas áreas de mais difícil acesso no Estado de Tocantins.
Certa vez, lá pela região do jalapão, surgiu focos de doença de Chagas. Como era conhecedor da doença, foi escolhido para fazer o levantamento de campo.
Região difícil, estrada parecia o deserto de Saara de tanto areal.
Saiu na Toyota de vários anos rodados, viagens frequentes sem tempo para revisão. Depois de dois dias de viajar pela região aconteceu o fato já praticamente previsto, em plena estrada deserta , o carro quebra. Bernardino usou todos seus conhecimentos mecânicos adquiridos ao longo da vivência de estradas ruins, mas não conseguiu resolver. O jeito era esperar algum carro que passasse por ali, coisa rara. Como não acontecia, depois de várias horas, resolveu buscar socorro à pé. Caminhou muito tempo e nada. Sol à pino água acabando, sede aumentando, sem falar na fome.
Por fim avistou um casebre
Bateu palmas, entrou sentou , foi logo dizendo me socorre com um copo de agua. A velhinha dona da casa foi no pote de agua, meteu a caneca dentro, ele constatou que era o unico copo usado pela familia toda. Nisso olha de lado ver um velhinho com uma imensa ferida purulenta no labio superior , Vixe e agora, pensou Bernardino, esse velho deve beber nessa caneca também, mas a sede era maior. Pensou, pensou um modo de beber naquele copo. Virou a caneca e bebeu a água bem do lado , mais bem próximo possível da asa da caneca.
Nisso , gabrielzinho neto do velho disse:
___olha vovô esse homem bebe água igual o senhor do mesmo lado e no mesmo lugar.