DON QUIXOTE PERDE DULCINEIA - COISAS DE ESPANHA

CONFUSÕES NO CÉU DE ESPANHA

Vem-me sensação estranha

Quando navego por mares de Espanha

Basta-me olhar o céu

Vejo moinhos na ponta da lança

De Sancho Pança

Brilham as mesmas estrelas

Que guiaram a frota de Colombo,

Também conhecido como “O Italiano”,

Em seu desejo de fazer a América...

Levou, é verdade, um belo de um tombo

Mal saíra da Península Ibérica

Rumo a linha do horizonte, deslumbrou-se o navegante...

Encontrou Dulcinéia toda histérica

Convencida que Montezuma, o Rei Asteca

Escondia o mapa com o caminho da Fonte da Juventude

Que faria toda mulher ficar jovem e bela

A notícia chegou aos ouvidos de Isabel de Castela

Ela encheu tanto a paciência de Fernando

E antes, que a Rainha aprontasse alguma

O Senhor de Aragão tomar a atitude:

Sacou das calças a espada e gritou

Tragam-me a Madona de La Mancha...

Nomeou para a empreita o Sargento Garcia

Partiu à bordo de sua lancha voadeira

Encontrou um náufrago perdido no Oceano

Solitário no pequeno bote

Gritava palavras de ordem, parecia insano

Será que sofria da ideia?

Disse em alto e bom som:

Sou Don Quixote...

Passados os risos, explicou:

Navegava em seu Rocinante

Destino a Sevilha que pedia socorro,

Para expulsar mouros e muçulmanos

Tempestade atrapalhara seus planos

A caravela chocou-se com uma ilha

Seria Oceania? San Salvador? Açores?

Não sabia, pois a Bússola ficou desregulada

Emprestara dos indígenas aquele barquinho

Ao ver a foto da fugitiva procurada

Tremeu dos pés ao coração

Dulcineia, sua amada musa

Apontou na direção de Compostela

Fazíamos o Caminho de Santiago

Fugindo da Inquisição

Perto de Las Ventas, a Arena de Touros

Parei para tomar um trago

Dulce sumiu meio da multidão

“Ela era meu tesouro”

Se a encontrar, o senhor me avisa

Estarei a sua espera em Ibiza

Balbuciou palavras confusas

Zaz-traz, urucubaca, uno, dos, três

Surgiu um buque de rosas e um cartão

Escreveu nele Boas Festas, Feliz Natal,

Et Coetera e tal, et Coetera e tal, et Coetera e tal,

Assinou “Com amor e carinho do sempre seu, Miguel”

Vem-me sensação estranha

Quando navego por mares de Espanha

Para evitar confusão, nem arrisco olhar pro céu

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 15/12/2019
Reeditado em 19/12/2019
Código do texto: T6819919
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