O Velório do tio Felix

O tio Félix era do tipo bonachão, boa praça mas bebia muito, coisa comum para aqueles tempos, todo homem bebia e fumava, como funcionário publico que era tinha horário determinado e o expediente era de segunda a sexta, sábado era dia de jogar caxeta e como juntava gente, o tio tinha seus parceiros de jogo e de copo dentre eles tinha o Horacinho,mirrado desgastado pelo tempo e quiça pelo vicio na marvada da Paletó vermelho, cachaça fortíssima que fez a passagem de muitos desta para a melhor .

O Tio tinha família grande, quanto mais filhos mais mão de obra pra ajudar na casa, filho homem começava a trabalhar cedo, filha mulher tinha que arrumar bom casamento e todo mundo casava cedo.

Pariquera naquela época tinha duas fabricas de cachaça: PALETO VERMELHO E ÁGUIA, ambas derrubavam qualquer um, lembro que o tio foi um dos primeiros a comprar uma televisão, novidade que a criançada toda se juntava para ver com horário marcado. Na vila tinham dois aparelhos - um na casa do tio e outro na casa do seu Ademário Lambreta, a TV só era ligada após as seis horas pra não gastar muito, mas chegou o fatídico dia, a noticia chegou e todos fomos pro velório que foi na sala da casa da tia Dita, entre choros e rezas a mulherada preparava bules e bules de café, muitos bolinhos eram fritados pra satisfazer a fome daquele povo,. Como era comum não deixava-se o morto sozinho durante a madrugada mas ia-se rareando o numero de pessoas, ficavam os mais próximos e dentre eles o seu Horácio, começamos a perceber que virava e mexia lá ia o Horacinho pro mato, ficamos desconfiados pois o danado ficava mais alegre e ria alto mas com todo respeito ao falecido, causos e causos eram contados, resolvemos segui-lo sem que ele nos visse topamos com um litro da branquinha já pela metade, mudamos a danada e em seu lugar colocamos um litro de água.

pouco tempo nhô Horácio saiu de fininho e foi dar uma de suas talagadas, coitado até se engasgou (devia fazer muito tempo que nem sabia o que era mais água ) xingou de todos os nomes possíveis, mas não podia se entregar, manteve a postura em frente o defunto e vimos que rolava uma lagrima de seus olhos, nunca soubemos se era pelo amigo ou se era pela amiga perdida.